19 março 2009

não faças


Dificilmente um português é criticável por erros de facto. Os portugueses possuem um grande apego à verdade e a verdade está nos factos. Estando de boa-fé, o português em geral conhece os factos e cita os factos com exactidão.

Aquilo em que o português é criticável é na sua falta de julgamento (ou de juizo ou de equidade), na sua incapacidade total para fazer justiça. Como já expliquei noutro post, esta incompetência radical dos portugueses para fazer justiça exprime-se na iniquidade e, mais geralmente, na violação da regra que serve de base ao sistema de moralidade de todos os povos civilizados, a célebre regra de outro: "Não faças aos outros aquilo que não gostas que te façam a ti".

Neste post o Joaquim exemplificou com clareza a incapacidade dos portugueses para fazer justiça. Olhando a caixa de comentários, e lendo alguns dos comentários mais articulados, a conclusão não pode deixar de causar horror. Uma pessoa morreu por culpa de outra. O que fazer? Nada. Deixar morrer uma pessoa porque alguém se esqueceu dela dentro do carro fechado ao sol é um comportamento aceitável no nosso país. Se amanhã fôr repetido, na realidade se fôr repetido todos os dias, não tem mal nenhum.

Eu hoje não tenho dúvidas nenhumas. Por onde os portugueses passam, sobretudo o povo português não guiado por uma elite, deixa atrás de si um mar de iniquidades. As iniquidades suscitam sentimentos de vingança. Mais cedo ou mais tarde metade dos portugueses está com uma enorme sede de apanhar a outra metade.
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É claro que esta incompetência para fazer justiça não é mera característica do povo português. Ela é a característica dominante dos juristas portugueses, que são parte do povo, porque são eles que fazem as leis e as aplicam. Eles sabem lá o que é justiça...

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