Na tradição católica chega-se à verdade pela observação da realidade e pela meditação da razão. Observação e meditação são as atitudes mentais que permitem ao homem católico chegar à verdade. Pelo contrário, na tradição protestante chega-se à verdade por via indirecta, chegando primeiro à justiça, e daí derivando a verdade, e esse caminho percorre-se através da litigação, do debate das ideias, e da liberdade de expressão.
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Neste post, o meu propósito é testar esta tese usando o Portugal Contemporâneo como laboratório ou amostra. A minha questão precisa é a seguinte: Serão os leitores do PC representativos da cultura portuguesa (católica) no caminho como chegam à verdade, que é o da observação e da meditação?
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Antes de responder, duas notas de natureza estatística respeitantes ao tamanho e à representatividade da amostra. A primeira para salientar que o PC possui mais de mil leitores diários, representando em termos estatísticos uma amostra de dimensão apreciável. A segunda para responder à questão: mas será essa amostra representativa dos leitores portugueses de blogues? Começo por notar que o PC não é um blogue representativo dos blogues portugueses ou de cultura católica, porque é um blogue que não contém qualquer forma de censura institucional e onde o leitor pode, com absoluta liberdade, escrever (ou não escrever) aquilo que muito bem entender. Pelo contrário, o blogue típico português contém alguma forma de censura prévia (vg., exame prévio dos comentários, bloqueamento de IP's, exigência de identificação, etc.). Mas precisamente porque o PC não contém qualquer forma de censura é que as suas caixas de comentários hão-de reflectir com a máxima fidelidade a cultura dos portugueses que lêem blogues. A amostra é, pois, representativa.
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Passo agora a responder à questão formulada anteriormente e que é o objecto deste post. A resposta é afirmativa - na realidade, imensamente afirmativa. Dos cerca de mil leitores diários do PC, o número daqueles que utilizam as caixas de comentários - os chamados comentadores - não deve chegar a trinta, isto é, a 3% do total (talvez 2% fosse uma estimativa mais realista). Tal significa que a esmagadora maioria dos leitores do PC, na ordem dos 97%, é uma maioria silenciosa, que nunca comenta os posts. Estes leitores vêm ao PC para observar (ler) os posts e, quando muito, para meditar sobre eles - não para os comentar. Este é precisamente o caminho para chegar à verdade na tradição portuguesa (católica) - observação e meditação, o qual é um caminho silencioso.
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Os comentadores, representando no máximo 3% do total dos leitores, são as excepções. Eles não são representativos dos portugueses que lêem blogues. Nesta pequena minoria, porém, há lugar a uma distinção. Uma parte dos comentadores, talvez um terço deles, representando 1% da população total, exprime-se na caixas de comentários mas de uma forma discreta. Estou a pensar em comentadores como o Miguel, o Shri, o José, o D. Costa. São identificáveis pelo facto de normalmente só comentarem sobre assuntos da sua profissão, e o padrão dos seus comentários é discreto: exprimem-se geralmente de forma sóbria, colocam um comentário e retiram-se. Depois, existe a outra parte desta minoria, que representará cerca de dois terços dos comentadores, ou 2% da população total de leitores do PC. Esta é a minoria ruidosa, e que está nos antípodas da maioria silenciosa. Esta é uma minoria militante e agressiva, que aparece praticamente em todas as caixas de comentários, que se desmultiplica em comentários dentro de uma mesma caixa, e que recorre sistematicamente ao insulto e à agressão.
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A minoria ruidosa não é exclusiva do PC e está representada em todos os lugares da vida pública portuguesa onde exista um módico de liberdade de expressão, como, por exemplo, nos partidos políticos. Os elementos que formam a minoria ruidosa da sociedade portuguesa, como deste blogue, podem pertencer a qualquer profissão e podem possuir qualquer formação escolar, embora normalmente tenham formação universitária. Podem ser de todas as idades, embora a sua maioria não tenha ainda chegado à meia-idade. Podem pertencer a qualquer partido político ou não ter partido nenhum, embora o Bloco de Esquerda tenha mais do que a sua fatia.
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O que é a minoria ruidosa? Como caracterizá-la? Qual é o seu papel na sociedade portuguesa (e neste blogue)? Ao que andam e o que pretendem estas pessoas? Como são elas? Saiba as respostas no meu próximo post.
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