D. Filipa de Lencastre

Quando cheguei ao final deste post e atingi uma conclusão que até a mim próprio surpreendeu, eu hesitei na resposta, mas uma suspeição imediatamente me ocorreu ao espírito. Porém, antes que dissesse alguma asneira, preferi terminar o post com uma interrogação: Quem poderia ter sido?

Pouco depois, uma leitora - quem haveria de ser senão uma mulher? - indicou-me a verdade, a qual confirmou as minhas suspeitas, e que algumas consultas rápidas aos anais da história de Portugal rapidamente reconfirmaram. Foi D. Filipa de Lencastre.

Embora eu tencione voltar a falar sobre ela, a primeira imagem que me ocorreu ao espírito foi a do seu filho Henrique, naquela postura que passou para a história, a contemplar o mar, sério, alguma tristeza na face, totalmente entregue aos seus próprios pensamentos. Esta imagem ele só a pode ter herdado da mãe.

D. Filipa de Lencastre era inglesa e veio para Portugal já com vinte seis anos para casar com D. João I, deixando para trás toda a sua família e os amigos. É natural que sentisse saudades, sobretudo num país que, talvez mais do que qualquer outro, inspira esse sentimento. Enquanto crianças, é altamente provável que os seus filhos a tivessem surpreendido muitas vezes naquela postura de contemplação do mar - porque era por mar que se chegava a Inglaterra -, séria e triste, entregue aos seus pensamentos, e cujas razões, para eles, seriam um verdadeiro mistério. Terá cabido a D. Henrique ficar com esta imagem da mãe gravada no espírito, e desvendar o mistério que a mãe lhe inspirou.