A caracterização que o Pedro Arroja tem vindo a fazer dos portugueses padece, a meu ver, um erro essencial, que está na relação que os portugueses têm com a verdade. O Pedro acha que eles, em virtude da influência secular da cultura e da tradição católicas, têm a verdade como ponto cardeal norteador das suas existências. Pois, eu acho precisamente o inverso: os portugueses têm aversão à verdade e fogem dela como o diabo da cruz. Na melhor das hipóteses não querem saber dela para nada. Julgo que isto tem uma demonstração fácil e uma explicação acessível.
Demonstra-se na crítica que o próprio Pedro faz, e muito bem, do funcionamento da quase totalidade das nossas instituições. Tomemos a justiça e a educação, a que o Pedro tem recorrido frequentemente, como exemplos. A justiça funciona mal porque praticamente ninguém se importa com a verdade dos factos. Atenda-se, por exemplo, aos casos mediáticos dos últimos anos. Com que estão preocupados os portugueses, com a verdade ou com o alarido e a eventual sordidez mediática dos casos? E se os tribunais declaram uma verdade mais “branda” do que a imaginada pela comunicação social e pela populaça, o que diz esta? Que essa verdade é falsa! Vejamos, agora, a educação. Qual o perfil médio de um estudante universitário português? Alguém que se preocupa em estudar, em preparar-se seriamente para o exercício de uma profissão com a qual sustentará a sua vida, ou alguém que tem por objectivo acabar o mais rapidamente possível um curso qualquer, que seja fácil, barato, pouco exigente e permita aspirar a um emprego vulgar? E o de um professor universitário médio? Trata-se de alguém preocupado em estudar, em aprender, em investigar e em publicar, ou de alguém que quer um vínculo estável para toda a vida - tanto melhor se for no estado - e que assim que o obtém se limita ao mínimo indispensável para o manter? Responda quem souber.
As contingências da geografia, da história, da economia e da cultura social e política fizeram dos portugueses um povo de “desenrascas”. É assim que eles são conhecidos no mundo inteiro. Ora, para um bom e competente “desenrasca” a verdade interessa pouco. Frequentemente é um empecilho. Infelizmente, os portugueses não estimam a verdade, caro Pedro.
Demonstra-se na crítica que o próprio Pedro faz, e muito bem, do funcionamento da quase totalidade das nossas instituições. Tomemos a justiça e a educação, a que o Pedro tem recorrido frequentemente, como exemplos. A justiça funciona mal porque praticamente ninguém se importa com a verdade dos factos. Atenda-se, por exemplo, aos casos mediáticos dos últimos anos. Com que estão preocupados os portugueses, com a verdade ou com o alarido e a eventual sordidez mediática dos casos? E se os tribunais declaram uma verdade mais “branda” do que a imaginada pela comunicação social e pela populaça, o que diz esta? Que essa verdade é falsa! Vejamos, agora, a educação. Qual o perfil médio de um estudante universitário português? Alguém que se preocupa em estudar, em preparar-se seriamente para o exercício de uma profissão com a qual sustentará a sua vida, ou alguém que tem por objectivo acabar o mais rapidamente possível um curso qualquer, que seja fácil, barato, pouco exigente e permita aspirar a um emprego vulgar? E o de um professor universitário médio? Trata-se de alguém preocupado em estudar, em aprender, em investigar e em publicar, ou de alguém que quer um vínculo estável para toda a vida - tanto melhor se for no estado - e que assim que o obtém se limita ao mínimo indispensável para o manter? Responda quem souber.
As contingências da geografia, da história, da economia e da cultura social e política fizeram dos portugueses um povo de “desenrascas”. É assim que eles são conhecidos no mundo inteiro. Ora, para um bom e competente “desenrasca” a verdade interessa pouco. Frequentemente é um empecilho. Infelizmente, os portugueses não estimam a verdade, caro Pedro.
Sem comentários:
Enviar um comentário