Por vezes, eu divirto-me na blogosfera a qual , como já mencionei, serve para mim como um laboratório para estudar a cultura e a sociedade portuguesa. Aconteceu há dias quando escrevi um post que continha uma tese que se exprimia em três linhas. Entre as muitas contestações que recebi à minha tese apareceu uma que se insurgia pelo facto de eu chamar tese a um texto que só tinha 300 palavras. Eu reagi na altura sugerindo que as teses se passassem a avaliar a metro.
Depois deste post, eu estou em condições de explicar a diferença cultural que esteve na base deste imbróglio acerca do que é uma tese. Como nas histórias de adolescentes, supunhamos um inglês e um português a quem é pedida uma tese subordinada ao tema "A Floresta".
O inglês começa por formular uma tese (do grego, posição, proposição, opinião) acerca das florestas, por exemplo. "As florestas são, na maioria, verdes". Depois, para demonstrar a tese, selecciona uma amostra aleatória de florestas no mundo, fotografa-as e escreve um texto a acompanhar as fotografias, demonstrando que, na maioria, as florestas são verdes. Em 50 páginas, o assunto está arrumado.
Um português fará uma coisa muito diferente. Primeiro, ele nunca formulará uma verdadeira tese como fez o inglês ("As florestas são, na maioria, verdes"). Aquilo que ele vai fazer é estudar ao detalhe cada uma das árvores da floresta. No final, apresenta um volume com 1278 páginas que ele considera a sua tese. É claro que, neste volume, não há tese nenhuma, mas apenas a descrição detalhada de cada uma das árvores da floresta.
Eu recordo, quando estudante de doutoramento, um colega meu que, chegada a altura de fazer a tese, e vindo de um país, como o meu, onde as teses se avaliavam a metro, ter perguntado ao seu orientador (um professor de cultura anglo-saxónica), quantas páginas deveria ter a tese. O orientador respondeu-lhe. "Pode ser uma. Tem é de ser muito boa".
Depois deste post, eu estou em condições de explicar a diferença cultural que esteve na base deste imbróglio acerca do que é uma tese. Como nas histórias de adolescentes, supunhamos um inglês e um português a quem é pedida uma tese subordinada ao tema "A Floresta".
O inglês começa por formular uma tese (do grego, posição, proposição, opinião) acerca das florestas, por exemplo. "As florestas são, na maioria, verdes". Depois, para demonstrar a tese, selecciona uma amostra aleatória de florestas no mundo, fotografa-as e escreve um texto a acompanhar as fotografias, demonstrando que, na maioria, as florestas são verdes. Em 50 páginas, o assunto está arrumado.
Um português fará uma coisa muito diferente. Primeiro, ele nunca formulará uma verdadeira tese como fez o inglês ("As florestas são, na maioria, verdes"). Aquilo que ele vai fazer é estudar ao detalhe cada uma das árvores da floresta. No final, apresenta um volume com 1278 páginas que ele considera a sua tese. É claro que, neste volume, não há tese nenhuma, mas apenas a descrição detalhada de cada uma das árvores da floresta.
Eu recordo, quando estudante de doutoramento, um colega meu que, chegada a altura de fazer a tese, e vindo de um país, como o meu, onde as teses se avaliavam a metro, ter perguntado ao seu orientador (um professor de cultura anglo-saxónica), quantas páginas deveria ter a tese. O orientador respondeu-lhe. "Pode ser uma. Tem é de ser muito boa".
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Na cultura inglesa uma tese é uma proposição (ou opinião) fundamentada. Na cultura portuguesa é um calhamaço.
Na cultura inglesa uma tese é uma proposição (ou opinião) fundamentada. Na cultura portuguesa é um calhamaço.
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