A sociologia foi inventada numa sociedade P e é sobretudo uma ciência praticada nos países onde predomina a tradição P, provavelmente com os EUA à frente de todos. Não existe aspecto da sociedade americana que não tenha sido já estudado. Max Weber, o sociólogo alemão, é por vezes considerado o intelectual europeu mais influente nos EUA ao longo do último século.
Uma ciência da sociedade americana - uma sociologia americana - é, portanto, uma ciência que entusiasma os americanos e eles praticam-na em larga escala. Pelo contrário, em Portugal, a ideia de uma sociologia portuguesa - uma ciência da sociedade portuguesa - não desperta grande interesse, e nunca foi praticada de forma generalizadamente intensa e científica. Os sociólogos portugueses são, em geral, muito mais ideólogos do que cientistas.
A razão para esta diferença de importância atribuida à sociologia nos dois países é compreensível à luz das suas respectivas culturas. Primeiro, uma ciência da sociedade exige uma boa capacidade de abstracção, e os portugueses, em geral, não são fortes nessa capacidade. Segundo, talvez mais importante, uma sociologia de Portugal faz-se de uma vez por todas e fica feita para sempre, ao passo que uma sociologia dos EUA oferece temas muito variados e que estão sempre a mudar, permitindo manter a vitalidade e o interesse da ciência.
Na verdade, vista pelos olhos do sociólogo profissional, que olha a sociedade de fora e nos seus aspectos exteriores, a sociedade americana oferece o espectáculo de uma sociedade cheia de variantes, e variantes sempre em mudança. Pelo contrário, a sociedade portuguesa, analisada aos mesmos olhos, é um bloco monolítico e que não muda.
A ciência que pode despertar interesse aos portugueses, e onde eles possuem o potencial para ser bons e eficazes, é uma ciência do homem português - a ciência do Ser Português de que falava Pascoaes. Esta ciência ocupa-se, em primeiro lugar, em identificar os traços culturais e de carácter do homem português e de procurar prever os seus comportamentos privados e sociais a partir daí. Os portugueses seriam igualmente bons - se se dessem a esse trabalho -, numa ciência do Ser Espanhol, do Ser Tailandês ou do Ser Japonês. Pelo contrário, os americanos que produzem talvez os melhores sociólogos do mundo, seriam miseráveis nestas matérias.
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O simples facto de uma tal ciência ter ocorrido a um português não deve ser de estranhar dada a elevada propensão da cultura portuguesa para a pessoalização. Dificilmente ocorreria a um americano e mais difcilmente ainda seria cultivada em larga escala na América. A razão é que a ciência do Ser Americano seria uma ciência totalmente desinteressante, que se faz uma vez e fica feita para sempre, uma ciência que, em consequência, não despertaria nem interesse nem possuiria vitalidade para se manter. Porquê? Porque, ao contrário dos portugueses, os americanos são todos iguais uns aos outros e comportam-se todos da mesma maneira.
Uma ciência da sociedade americana - uma sociologia americana - é, portanto, uma ciência que entusiasma os americanos e eles praticam-na em larga escala. Pelo contrário, em Portugal, a ideia de uma sociologia portuguesa - uma ciência da sociedade portuguesa - não desperta grande interesse, e nunca foi praticada de forma generalizadamente intensa e científica. Os sociólogos portugueses são, em geral, muito mais ideólogos do que cientistas.
A razão para esta diferença de importância atribuida à sociologia nos dois países é compreensível à luz das suas respectivas culturas. Primeiro, uma ciência da sociedade exige uma boa capacidade de abstracção, e os portugueses, em geral, não são fortes nessa capacidade. Segundo, talvez mais importante, uma sociologia de Portugal faz-se de uma vez por todas e fica feita para sempre, ao passo que uma sociologia dos EUA oferece temas muito variados e que estão sempre a mudar, permitindo manter a vitalidade e o interesse da ciência.
Na verdade, vista pelos olhos do sociólogo profissional, que olha a sociedade de fora e nos seus aspectos exteriores, a sociedade americana oferece o espectáculo de uma sociedade cheia de variantes, e variantes sempre em mudança. Pelo contrário, a sociedade portuguesa, analisada aos mesmos olhos, é um bloco monolítico e que não muda.
A ciência que pode despertar interesse aos portugueses, e onde eles possuem o potencial para ser bons e eficazes, é uma ciência do homem português - a ciência do Ser Português de que falava Pascoaes. Esta ciência ocupa-se, em primeiro lugar, em identificar os traços culturais e de carácter do homem português e de procurar prever os seus comportamentos privados e sociais a partir daí. Os portugueses seriam igualmente bons - se se dessem a esse trabalho -, numa ciência do Ser Espanhol, do Ser Tailandês ou do Ser Japonês. Pelo contrário, os americanos que produzem talvez os melhores sociólogos do mundo, seriam miseráveis nestas matérias.
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O simples facto de uma tal ciência ter ocorrido a um português não deve ser de estranhar dada a elevada propensão da cultura portuguesa para a pessoalização. Dificilmente ocorreria a um americano e mais difcilmente ainda seria cultivada em larga escala na América. A razão é que a ciência do Ser Americano seria uma ciência totalmente desinteressante, que se faz uma vez e fica feita para sempre, uma ciência que, em consequência, não despertaria nem interesse nem possuiria vitalidade para se manter. Porquê? Porque, ao contrário dos portugueses, os americanos são todos iguais uns aos outros e comportam-se todos da mesma maneira.
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