Ao longo de muitos posts, eu tenho vindo a desenvolver uma teoria sobre a sociedade de tradição católica (C) e a sociedade de tradição protestante (P), ambas na sua forma pura. O meu objectivo principal é tentar compreender a sociedade portuguesa actual, porque é que certas coisas que correm mal e outras (talvez poucas) correm bem, e tentar prever o seu destino próximo. É latura de, ainda no plano abstracto, fazer um sumário das conclusões principai, para a partir daí partir para a análise da sociedade portuguesa em concreto, a qual constituirá também um teste à capacidade de interpretação e de previsão da teoria que tenho vindo a desenvolver.
Tendo assemelhado a sociedade C a um triângulo delta assente sobre a sua base e a sociedade P a um triângulo idêntico, mas invertido, o resumo das minhas principais conclusões é o seguinte:
1) O ideal que une a sociedade C é o ideal de verdade, o ideal que une a sociedade P é o ideal de justiça. A primeira é intolerante em relação à não-verdade, a segunda em relação à injustiça. A primeira é uma sociedade que valoriza a conformidade (com a verdade), a segunda valoriza a litigância (que conduz à realização da justiça).
2) Em consequência, a elite natural da sociedade C é a classe dos professores, a elite natural da sociedade C a classe dos juristas.
3) Devido à interpretação liberal que o Catecismo representa das Escrituras, em comparação com a interpretação rigorista que é própria do protestantismo, a sociedade C é muito liberal na sua base - o povo, actuando na esfera ou espaço privado. A necessidade de assegurar a sua coesão, porém, torna-a muito intolerante no topo - a elite, actuando na esfera ou espaço público. Em comparação, a sociedade C é muito intolerante no espaço privado e muito liberal no espaço público.
4) As manifestações exteriores da sociedade C são veiculadas pela sua elite (o topo do triângulo). É ela que vem a público e contacta com o público. As suas figuras públicas pertencem à elite. Pelo contrário, as manifestações exteriores da sociedade P são veiculadas pelo povo (o topo do triângulo invertido, que é na realidade a sua base). É o povo que aparece em público. As suas figuras públicas são figuras do povo.
5) A sociedade C caracteriza-se por unidade na diversidade; a sociedade P caracteriza-se por diversidade na unidade.
6) As instituições que recorrem a processos impessoais - como a democracia, o mercado e o constitucionalismo - são instituições públicas que visam assegurar a justiça na sociedade plural que, na esfera pública, caracteriza a sociedade P. São, pois, instituições genuinas desta sociedade. Essas mesmas funções são desempenhadas por autoridades pessoais na sociedade C.
(continua)
Tendo assemelhado a sociedade C a um triângulo delta assente sobre a sua base e a sociedade P a um triângulo idêntico, mas invertido, o resumo das minhas principais conclusões é o seguinte:
1) O ideal que une a sociedade C é o ideal de verdade, o ideal que une a sociedade P é o ideal de justiça. A primeira é intolerante em relação à não-verdade, a segunda em relação à injustiça. A primeira é uma sociedade que valoriza a conformidade (com a verdade), a segunda valoriza a litigância (que conduz à realização da justiça).
2) Em consequência, a elite natural da sociedade C é a classe dos professores, a elite natural da sociedade C a classe dos juristas.
3) Devido à interpretação liberal que o Catecismo representa das Escrituras, em comparação com a interpretação rigorista que é própria do protestantismo, a sociedade C é muito liberal na sua base - o povo, actuando na esfera ou espaço privado. A necessidade de assegurar a sua coesão, porém, torna-a muito intolerante no topo - a elite, actuando na esfera ou espaço público. Em comparação, a sociedade C é muito intolerante no espaço privado e muito liberal no espaço público.
4) As manifestações exteriores da sociedade C são veiculadas pela sua elite (o topo do triângulo). É ela que vem a público e contacta com o público. As suas figuras públicas pertencem à elite. Pelo contrário, as manifestações exteriores da sociedade P são veiculadas pelo povo (o topo do triângulo invertido, que é na realidade a sua base). É o povo que aparece em público. As suas figuras públicas são figuras do povo.
5) A sociedade C caracteriza-se por unidade na diversidade; a sociedade P caracteriza-se por diversidade na unidade.
6) As instituições que recorrem a processos impessoais - como a democracia, o mercado e o constitucionalismo - são instituições públicas que visam assegurar a justiça na sociedade plural que, na esfera pública, caracteriza a sociedade P. São, pois, instituições genuinas desta sociedade. Essas mesmas funções são desempenhadas por autoridades pessoais na sociedade C.
(continua)
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