Eu pretendo agora, com base no post anterior, analisar alguns aspectos da sociedade portuguesa, começando pelo das elites. Embora a sociedade portuguesa seja uma sociedade de tradição católica, talvez a de cultura mais entranhadamente católica que existe no mundo, o modelo católico não existe nela em forma pura. Nas circunstâncias actuais, está mesmo muito longe disso.
Noutro post estabeleci que, nos últimos cem anos, o período em que Portugal mais se aproximou do modelo católico puro foi durante o Estado Novo. A respeito da elite - que é o único tema que agora me ocupa -, não me parece poderem subsistir dúvidas acerca disso. os governantes do Estado Novo, ministro e primeiros-ministros, eram predominantemente professores, Salazar e Marcello Caetano sendo as figuras mais destacadas do regime. Não apenas isso. A classe dos professores era então uma classe socialmente muito respeitada no país, desde os professores primários aos universitários. Eram pessoas já de uma certa idade, profissionais seniores, com ar grave e frequentemente austero, como convém à sua missão de educadores. (*) Os professores do regime do Estado Novo eram uma elite e correspondiam à elite natural do país de tradição católica que é Portugal.
A Revolução de 25 de Abril de 1974 importou em Portugal as instituições da democracia-liberal, como a democracia, o mercado, a liberdade de expressão, a ideia do Estado de Direito, que são instituições típicas da sociedade protestante. E o que aconteceu à classe dos professores, a elite natural de Portugal?
Aconteceram, pelo menos duas coisas. A primeira é que os professores praticamente desapareceram dos altos postos da governação e da vida política. A segunda foi a deterioração imensa da sua imagem pública. Aquele grupo de senhoras e senhores respeitáveis, para cima da meia idade, com ar grave a postura austera, que constituiam a classe dos professores, e a sua imagem de marca, há quarenta anos atrás, cedeu o lugar a um grupo muito diferente. A classe dos professores é agora constituída predominantemente por mulheres e homens jovens, tão jovens às vezes que ainda não tiveram oportunidade para educar um filho, quanto mais capacidade para educarem os filhos dos outros. E a imagem de grupo que eles passam ao público é a de manifestantes, senão mesmo de agitadores, vestidos casualmente e de colarinho aberto, às vezes longas barbas, agitando slogans e contestando a autoridade - uma imagem que tradicionalmente, em Portugal, era reservada aos operários metalúrgicos.
Portugal perdeu a sua elite natural - a dos professores. Mau sinal. E quem a substituiu? Veja o próximo post.
Noutro post estabeleci que, nos últimos cem anos, o período em que Portugal mais se aproximou do modelo católico puro foi durante o Estado Novo. A respeito da elite - que é o único tema que agora me ocupa -, não me parece poderem subsistir dúvidas acerca disso. os governantes do Estado Novo, ministro e primeiros-ministros, eram predominantemente professores, Salazar e Marcello Caetano sendo as figuras mais destacadas do regime. Não apenas isso. A classe dos professores era então uma classe socialmente muito respeitada no país, desde os professores primários aos universitários. Eram pessoas já de uma certa idade, profissionais seniores, com ar grave e frequentemente austero, como convém à sua missão de educadores. (*) Os professores do regime do Estado Novo eram uma elite e correspondiam à elite natural do país de tradição católica que é Portugal.
A Revolução de 25 de Abril de 1974 importou em Portugal as instituições da democracia-liberal, como a democracia, o mercado, a liberdade de expressão, a ideia do Estado de Direito, que são instituições típicas da sociedade protestante. E o que aconteceu à classe dos professores, a elite natural de Portugal?
Aconteceram, pelo menos duas coisas. A primeira é que os professores praticamente desapareceram dos altos postos da governação e da vida política. A segunda foi a deterioração imensa da sua imagem pública. Aquele grupo de senhoras e senhores respeitáveis, para cima da meia idade, com ar grave a postura austera, que constituiam a classe dos professores, e a sua imagem de marca, há quarenta anos atrás, cedeu o lugar a um grupo muito diferente. A classe dos professores é agora constituída predominantemente por mulheres e homens jovens, tão jovens às vezes que ainda não tiveram oportunidade para educar um filho, quanto mais capacidade para educarem os filhos dos outros. E a imagem de grupo que eles passam ao público é a de manifestantes, senão mesmo de agitadores, vestidos casualmente e de colarinho aberto, às vezes longas barbas, agitando slogans e contestando a autoridade - uma imagem que tradicionalmente, em Portugal, era reservada aos operários metalúrgicos.
Portugal perdeu a sua elite natural - a dos professores. Mau sinal. E quem a substituiu? Veja o próximo post.
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(*) Até ao final do ensino secundário, talvez com meia-dúzia de excepções apenas, eu não me recordo de ter tido professores aparentando menos de 40 anos de idade. Só na universidade essa regra era generalizadamente quebrada pelo figura dos assistentes.
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