Eu gostaria neste post de elaborar sobre a relação entre o povo e a elite na sociedade de tradição católica e na sociedade de tradição protestante, respectivamente, ambas na sua forma pura.
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Retomo a analogia dos triângulos, que reproduzo na imagem. A sociedade católica (C) representada pelo triângulo delta assente sobre a sua base (à esquerda), a sociedade protestante representada pelo triângulo invertido (à direita). Os pontos pertencentes à região A junto ao vértice representam, em ambos os casos, a elite, e os da região B junto à base, o povo. A parte superior do triângulo é para ser agora interpretada como a parte visível da sociedade, aquela que tem exposição pública (a elite, no caso da sociedade C, o povo no caso da sociedade P), enquanto a parte inferior é para ser interpretada como a parte "escondida" ou invisível da sociedade, aquela que não tem exposição pública, permanecendo no domínio privado (o povo, no caso da sociedade C, a elite no caso da sociedade P). Em posts anteriores, já estabeleci que a elite natural da sociedade C é a classe dos professores e a elite natural da sociedade P a classe dos juizes.
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O porta-voz natural da sociedade C, a sua imagem pública, é a sua elite, enquanto na sociedade P é o povo (parte superior dos triângulos). Do mesmo modo, a sociedade C reserva ao povo uma posição discreta, privada, sem visibilidade pública, enquanto a sociedade P reserva esta posição à elite (parte inferior dos triângulos).
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Porquê? É a esta questão que me proponho responder neste post.
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A sociedade C possui uma base larga, assenta no povo, e a sua elite emerge do povo, estreitando o triângulo para cima. A ideia que une esta sociedade é a ideia de verdade, por isso a maior qualidade do povo nesta sociedade é a sua sabedoria. A elite, emergindo do povo, vai buscar ao povo aquilo que ele tem de melhor - a sabedoria. E o que é que e lhe dá em troca? Dá-lhe julgamento, que é aquilo que o povo nesta sociedade não possui de todo.
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Como já foi notado anteriormente, em resultado da sua formação católica, o povo da sociedade C é um povo que leva o seu liberalismo e a sua tolerância ao extremo, aceitando todas as opiniões e todos os comportamentos dentro de limites muito amplos, como o da não violência. Esta tolerância extrema retira-lhe a capacidade de julgamento e o sentido da justiça, impedindo-o de distinguir o bem do mal, o justo do injusto, a graça da ofensa, a palavra do palavrão - em suma, a decência da indecência. É esta capacidade de julgamento que a elite lhe fornece, censurando a indecência. Se esta sociedade fosse representada em público pelo seu povo apareceria aos olhos de quem a observa como uma sociedade feita largamente de pessoas indecentes, embora sábias. Sendo representada pela elite - os professores -, ela aparece aos olhos de quem a observa como uma sociedade de pessoas sábias e decentes (porque decência é o melhor que se pode conseguir onde falta o julgamento).
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A sociedade P assenta numa base estreita, a elite, que submerge do povo afunilando o triângulo para baixo. A ideia que une esta sociedade é a ideia da justiça e a maior qualidade do povo é o seu sentido de justiça. A elite nesta sociedade, submergindo do povo, vai buscar ao povo aquilo que ele tem de melhor - julgamento. E o que lhe dá em troca? Sabedoria, que é aquilo que o povo nesta sociedade não possui de todo.
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Como já foi notado anteriormente, em resultado da sua interpretação plural das Escrituras, o povo da sociedade P é de um pluralismo extremo aceitando todas as correntes de opinião dentro de limites muito amplos, e que só excluem a intolerância. Este pluralismo extremo retira ao povo a capacidade para saber onde está a verdade, para distinguir entre o verdadeiro e o falso, entre o sábio e o charlatão, entre o genuíno e a mera imitação - em suma, entre a sabedoria e a ignorância. Compete à elite decidir onde está a verdade, pronunciando julgamento entre posições (claims) diferentes e frequentemente opostas, e transmitindo ao povo a sabedoria que ele genuinamente não possui. Se esta sociedade fosse representada em público pela sua elite - os juizes - ela apareceria aos olhos do observador como uma sociedade feita largamente de pessoas intolerantes, embora justas. Sendo representada pelo povo, ela aparece aos olhos do observador como uma sociedade de pessoas justas e conhecedoras (porque conhecimento é o melhor que se pode conseguir onde falta a sabedoria).
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Retomo a analogia dos triângulos, que reproduzo na imagem. A sociedade católica (C) representada pelo triângulo delta assente sobre a sua base (à esquerda), a sociedade protestante representada pelo triângulo invertido (à direita). Os pontos pertencentes à região A junto ao vértice representam, em ambos os casos, a elite, e os da região B junto à base, o povo. A parte superior do triângulo é para ser agora interpretada como a parte visível da sociedade, aquela que tem exposição pública (a elite, no caso da sociedade C, o povo no caso da sociedade P), enquanto a parte inferior é para ser interpretada como a parte "escondida" ou invisível da sociedade, aquela que não tem exposição pública, permanecendo no domínio privado (o povo, no caso da sociedade C, a elite no caso da sociedade P). Em posts anteriores, já estabeleci que a elite natural da sociedade C é a classe dos professores e a elite natural da sociedade P a classe dos juizes.
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O porta-voz natural da sociedade C, a sua imagem pública, é a sua elite, enquanto na sociedade P é o povo (parte superior dos triângulos). Do mesmo modo, a sociedade C reserva ao povo uma posição discreta, privada, sem visibilidade pública, enquanto a sociedade P reserva esta posição à elite (parte inferior dos triângulos).
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Porquê? É a esta questão que me proponho responder neste post.
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A sociedade C possui uma base larga, assenta no povo, e a sua elite emerge do povo, estreitando o triângulo para cima. A ideia que une esta sociedade é a ideia de verdade, por isso a maior qualidade do povo nesta sociedade é a sua sabedoria. A elite, emergindo do povo, vai buscar ao povo aquilo que ele tem de melhor - a sabedoria. E o que é que e lhe dá em troca? Dá-lhe julgamento, que é aquilo que o povo nesta sociedade não possui de todo.
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Como já foi notado anteriormente, em resultado da sua formação católica, o povo da sociedade C é um povo que leva o seu liberalismo e a sua tolerância ao extremo, aceitando todas as opiniões e todos os comportamentos dentro de limites muito amplos, como o da não violência. Esta tolerância extrema retira-lhe a capacidade de julgamento e o sentido da justiça, impedindo-o de distinguir o bem do mal, o justo do injusto, a graça da ofensa, a palavra do palavrão - em suma, a decência da indecência. É esta capacidade de julgamento que a elite lhe fornece, censurando a indecência. Se esta sociedade fosse representada em público pelo seu povo apareceria aos olhos de quem a observa como uma sociedade feita largamente de pessoas indecentes, embora sábias. Sendo representada pela elite - os professores -, ela aparece aos olhos de quem a observa como uma sociedade de pessoas sábias e decentes (porque decência é o melhor que se pode conseguir onde falta o julgamento).
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A sociedade P assenta numa base estreita, a elite, que submerge do povo afunilando o triângulo para baixo. A ideia que une esta sociedade é a ideia da justiça e a maior qualidade do povo é o seu sentido de justiça. A elite nesta sociedade, submergindo do povo, vai buscar ao povo aquilo que ele tem de melhor - julgamento. E o que lhe dá em troca? Sabedoria, que é aquilo que o povo nesta sociedade não possui de todo.
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Como já foi notado anteriormente, em resultado da sua interpretação plural das Escrituras, o povo da sociedade P é de um pluralismo extremo aceitando todas as correntes de opinião dentro de limites muito amplos, e que só excluem a intolerância. Este pluralismo extremo retira ao povo a capacidade para saber onde está a verdade, para distinguir entre o verdadeiro e o falso, entre o sábio e o charlatão, entre o genuíno e a mera imitação - em suma, entre a sabedoria e a ignorância. Compete à elite decidir onde está a verdade, pronunciando julgamento entre posições (claims) diferentes e frequentemente opostas, e transmitindo ao povo a sabedoria que ele genuinamente não possui. Se esta sociedade fosse representada em público pela sua elite - os juizes - ela apareceria aos olhos do observador como uma sociedade feita largamente de pessoas intolerantes, embora justas. Sendo representada pelo povo, ela aparece aos olhos do observador como uma sociedade de pessoas justas e conhecedoras (porque conhecimento é o melhor que se pode conseguir onde falta a sabedoria).
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