14 fevereiro 2009

militante


O artigo do VPV no Público de hoje é uma desgraça. Ele já foi um homem de esquerda, hoje não pretende ser. Porém, os tiques de esquerda estão lá todos, dando razão à tese que tem sido defendida neste blogue de que, em Portugal, a direita é predominantemente de esquerda. Não só na referência que sobre ele fiz aqui. Mas também na aversão mal disfarçada à Igreja Católica e na crença da sua perda de influência: "Já passou o tempo em que a influência da Igreja decidia eleições" (ibid).

Trata-se de um erro - e de um grande erro. O Papa João Paulo II foi o último Papa da era Vaticano II e o exemplo acabado do Papa populista. Essa época, pelo menos por agora, está terminada. O Concílio Vaticano II pretendeu abrir as portas da Igreja ao povo, apresentando-a como uma Igreja aberta, popular, e tolerante em relação aos seus próprios princípios - em suma, uma Igreja moderna. Não ganhou nada com isso.

Diferente é a filosofia do Papa Bento XVI. Ele já afirmou por diversas vezes que prefere uma Igreja pequena, mas forte (do ponto de vista doutrinário), do que uma Igreja grande e popular - e isso significa uma Igreja inevitavelmente militante. Eu não pretendo dizer que, em pouco tempo, a Igreja consiga passar do regabofe doutrinário dos últimos quarenta anos, para a ortodoxia militante. Mas que ela está a fazer essa transformação rapidamente e que os sinais estão já aí - quanto a isso, não tenho dúvidas.

E o povo precisa que seja assim num país de tradição católica. Este povo nunca soube pensar pela sua própria cabeça em questões públicas e - a menos que deixe de ser católico - nunca o irá fazer. A razão é que foi sempre a Igreja que lhe disse o que pensar e fazer na vida pública. E a Igreja está agora aí, sob a liderança do Papa Bento XVI, para lho dizer outra vez. Acabou-se a brincadeira.

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