Não existe forma mais engenhosa e mais eficaz para a prática da calúnia em Portugal do que a utilização, para o efeito, do sistema de justiça. Em Portugal, ao contrário da Inglaterra, a presunção natural acerca de quem cai nas malhas da justiça é de culpa, não de inocência (*). A proclamada e reclamada presunção de inocência em Portugal é uma expressão de juristas e outros cidadãos bem pensantes, mas somente pour épater le bourgeois.
Para provar esta tese, sugiro ao leitor que tome o caso Freeport e faça o seguinte exercício. Antes de prosseguir, porém, uma nota. Eu falei em provar e sei que os portugueses não são dados a provas (veja aqui). Até já estou a ouvir, do lado de lá, o leitor a larachar: "Olha eu ... provas... só se fôr de vinhos!...". Os portugueses têm ideias feitas na cabeça cuja veracidade não necessita de prova. Mas faça um esforço desta vez...
Vamos ao exercício. Considere os posts neste blogue que tratam do caso Freeport. Sugiro-lhe até, de preferência, que o faça no Blasfémias, porque é um blogue muito mais representativo da cultura portuguesa do que o PC. Depois leia os comentários. Vai reparar que, em pelo menos 90% dos casos, os comentadores falam como se o primeiro-ministro fosse culpado. Verdade? A nossa cultura em matéria judicial é de presunção de culpa, não de presunção de inocência.
(*) A própria expressão "cair nas malhas da justiça" não tem nada de neutro (como seria próprio da justiça), e nem sequer tem correspondente em inglês. Ela significa: "Estás apanhado!"
Para provar esta tese, sugiro ao leitor que tome o caso Freeport e faça o seguinte exercício. Antes de prosseguir, porém, uma nota. Eu falei em provar e sei que os portugueses não são dados a provas (veja aqui). Até já estou a ouvir, do lado de lá, o leitor a larachar: "Olha eu ... provas... só se fôr de vinhos!...". Os portugueses têm ideias feitas na cabeça cuja veracidade não necessita de prova. Mas faça um esforço desta vez...
Vamos ao exercício. Considere os posts neste blogue que tratam do caso Freeport. Sugiro-lhe até, de preferência, que o faça no Blasfémias, porque é um blogue muito mais representativo da cultura portuguesa do que o PC. Depois leia os comentários. Vai reparar que, em pelo menos 90% dos casos, os comentadores falam como se o primeiro-ministro fosse culpado. Verdade? A nossa cultura em matéria judicial é de presunção de culpa, não de presunção de inocência.
(*) A própria expressão "cair nas malhas da justiça" não tem nada de neutro (como seria próprio da justiça), e nem sequer tem correspondente em inglês. Ela significa: "Estás apanhado!"
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