01 fevereiro 2009

... e a Liberdade dos políticos


INTOLERÂNCIA

Este defeito [dos portugueses] é uma forma de vaidade susceptível que se alimenta da sua quimera dolorosa. Quem duvida do próprio valor não pode suportar a dúvida alheia que lhe diz, em voz alta e clara, o que ele mal se atreve a murmurar.

Mas a intolerância tem outra origem mais positiva; é ainda um processo de defendermos os nossos interesses. Se é uma utilidade para mim a seita (política, religiosa, etc.) a que eu pertenço, os princípios que esta segue, compete-me torná-los dogmáticos, absolutos, indiscutíveis. Sim ... porque discutir uma ideia é pô-la em conflito com a verdade.

O Deus dos padres e a Liberdade dos políticos, para eles, são coisas indiscutíveis - quero dizer, essenciais à existência das suas igrejas sagradas e profanas.

Uns prometem a Liberdade, os outros prometem Deus; e, suspensa de tal promessa, conseguem ter obediente aos seus desígnios a eterna criança ludibriada - o Povo.

A intolerância defende os interesses de uma seita e imprime à criatura o mais odioso fácies!

É a alma negra da anarquia.

(Teixeira de Pascoaes, op. cit.)

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