06 fevereiro 2009

Definições


Para além da Sebenta, uma outra obsessão da cultura universitária portuguesa é a definição. Na nossa cultura, saber é, em primeiro lugar, saber definir. Trata-se de uma consequência da excessiva propensão da nossa cultura para o pensamento concreto, e é um factor explicativo da nossa incapacidade para participar no progresso das ciências e da filosofia.

A excessiva importância atribuida à definição imobiliza o objecto de estudo, tira-lhe um retrato para sempre, e impede que ele seja pensado fora dessa definição, sendo um obstáculo poderoso a todo o progresso da ciência. Supõe um mundo estático, que não muda, o qual está em consonância com o carácter conservador da nossa cultura.

O progresso das ciências não depende de definições. Na realidade, o progresso das ciências consiste largamente em redefinições. Ele depende sobretudo da capacidade de saber pensar fora das definições.

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