Olhando para os jornais diários de hoje, os portugueses acabam de descobrir que uma tenebrosa tempestade económica lhes está a cair sobre as costas, enquanto eles estavam todos agachados a observar a formiga.
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A descoberta vem no seguimento dos dados sobre o crescimento do PIB revelados ontem pelo INE (ver aqui e aqui). É curioso que os dados tenham sido publicados a uma sexta-feira. Os semanários já não foram a tempo e, para a semana, eles serão já mera história económica.
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O meu propósito neste post é o de saber como é que uma população distraida (aloof) , agachada a observar a formiga, reage quando uma poderosa tempestade a vergasta nas costas. A primeira reacção, a seguir à surpresa, é obviamente a do salve-se quem puder em que cada um corre à procura de abrigo.
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Logo que se reunem e recompõem da surpresa é que o espectáculo vai começar. E o espectáculo é o da culpabilização mútua:
-Então, tu pá, não viste a tempestade aproximar-se?...
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-Eu, não, pá ... eu estava a contar as patas da formiga, carago ... Tu é que devia ter visto ...
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-Quem, eu?... Eu estava a ver o sexo da formiga ... se era homem ou mulher ... (Era mulher, a gaja, pá!...) ...
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A peixeirada vai agora começar em Portugal. Os governantes serão obviamente os primeiros a ser apontados a dedo(*). E o Rui e o Ricardo bem vão ter de prepapar a massa, porque as garrafas de Barca Velha custam caro.
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(*) Veja, por exemplo, a última página do Público e o sobe-e-desce das figuras públicas.
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