Newcastle, 4 de Março de 1878
Querido Ramalho [Ortigão],
(...)
Quanto ao que Você diz de falar ao Corvo (*), desejo que o faça, se Você está em íntimas relações com ele. Mas não é pedir-lhe que me adiante ordenados - porque o Ministério nada tem com os meus ordenados. É lembrar-lhe a promessa que ele me fez - de que, em vista dos meus pequenos ordenados, me daria uma ajuda de custa ou por uma vez, ou mensalmente, até que uma lei me estabelecesse os vencimentos que pertencem à categoria do Consulado, e que são necessários para fazer face à carestia da vida inglesa. Esta ajuda de custa é uma dádiva particular do Ministério, muito justa neste caso, e que ele me prometeu. Se ele me quisesse mandar abonar uns seiscentos mil réis, seria excelente. Se Você está em boas relações com ele, vá lá, dizendo-lhe que eu lhe escrevi, a Você, que o não quis importunar escrevendo-lhe porque lhe conheço as ocupações; que estou pobre, que mereço auxílio como consul e como artista - e que lhe pediria o cumprimento da promessa feita.
Compreende bem?
(...)
Seu do c.
Queiroz.
(Eça de Queiroz, Cartas e Outros Escritos, Lisboa: Livros do Brasil, 2001, pp. 38-39)
(*) Refere-se a Andrade Corvo, Ministro dos Negócios Estrangeiros.
Sem comentários:
Enviar um comentário