10 fevereiro 2009

bem-vindo a casa, caro pedro

O Pedro Arroja tem vindo, desde que o convenci a começar a escrever no velho Blasfémias, a proceder a uma revisão profunda daquilo em que acreditava vai lá para quinze anos, e que podemos genericamente designar por liberalismo clássico. Isso mesmo deu azo a inúmeras incompreensões, de resto, muito semelhantes àquelas com que o brindaram, em sentido contrário, naquela altura, a choro e ranger de dentes, devidamente embrulhadas em polémica violenta, como é, felizmente, habitual nele e nos seus adversários.

Lendo-o frequentemente e interessado em perceber o que tinha operado essa transformação, concluí que o Pedro continua na mesma, e que apenas mudou o país em que passou a residir, há quinze anos, acabado de chegar do Canadá a Portugal, país que hoje conhece bem. No fim de contas, na análise que faz de Portugal, das suas raízes católicas em contraponto com o protestantismo da cultura anglo-saxónica a que estava habituado, e da influência que umas e outras exercem sobre a mentalidade e a cultura política das respectivas sociedades, o que o Pedro Arroja diz é que o liberalismo não pode funcionar no nosso país. Segundo ele, aquilo para que estamos vocacionados são regimes autoritários (de que o de Salazar foi, sem dúvida, o mais benévolo dos últimos séculos de Portugal), com os quais, aliás, quase sempre atingimos os nossos melhores momentos de desenvolvimento económico e social, como tem demonstrado com os inúmeros dados estatísticos que aqui tem publicado sobre o Estado Novo e o regime democrático.

Trata-se de uma visão pessimista e desencantada de Portugal, nete post tão fortemente evidente, país onde, na verdade, as ideias liberais nunca colheram adeptos. Ou de uma visão realista, se calhar.

Sem comentários: