07 janeiro 2009

taxas de juro


Na presente conjuntura económica, uma das falácias que têm sido persistentemente noticiadas pela imprensa é a de que as taxas de juro estão a cair, sugerindo que as pessoas que possuem dívidas estão a ficar com a vida mais facilitada. A realidade é exactamente ao contrário. As taxas de juro estão a subir - e substancialmente. Refiro-me às taxas de juro reais que são aquelas que reflectem o custo real do crédito.
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A taxa de juro real (r) é a diferença entre a taxa de juro nominal (r), que é aquela que nós pagamos ao banco por um empréstimo, e a taxa de inflação (i), isto é, r = n - i.
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Se é certo que algumas taxas nominais de juro (n) - como as taxas directoras dos bancos centrais e a euribor - têm vindo a cair, a verdade é que a taxa de inflação (i) tem vindo a cair muito mais drasticamente (veja aqui). Por isso, a diferença r = n - i tem vindo a aumentar e vai continuar a aumentar no futuro.
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Assim, se a taxa nominal de juro é n=5% mas a inflação esperada (*) é i=2%, o custo real do crédito é r=3%. Porém, se a taxa de inflação esperada fôr próxima de zero ou até negativa, por exemplo, i=-3% (deflação), mesmo que a taxa nominal seja agora mais baixa, por exemplo, n=2%, o custo real do crédito subiu para r=5%.
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Numa economia funcionando em condições de normalidade e a longo-prazo, a taxa de juro real tende a situar-se em torno de 3%. Este valor pode ser utilizado como padrão para aferir se, num dado momento, as taxas de juro (reais) são altas ou baixas.
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Numa situação de deflação esperada, as taxas de juro nominais podem até tornar-se negativas, e isso pode fazer todo o sentido. Aconteceu recentemente com as obrigações do Tesouro americano. Na realidade eu não me importo de pagar a um banco ou ao Tesouro de uma Estado nacional (desde que tenha confiança neles) uma taxa de juro nominal de n=1% ao ano para me guardar o dinheiro, se no final do ano os preços cairem 4% (i=-4%). Fico a ganhar 3% em termos reais (r= +3%).
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(*) Como as decisões económicas são tomadas ex-ante, a taxa de inflação relevante é a esperada e não a verificada no período anterior.

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