Esta manhã viajei para a Madeira. A família da minha mulher é de cá. Para além do clima, esta terra tem alguma coisa de especial. Ao longo da minha vida, já residi em diversos países e cidades. Fora de portas, estive no Canadá, nos Estados Unidos e em Espanha. Em Portugal, para além da minha cidade natal do Porto, também já passei uma temporada em Coimbra. Deste conjunto de experiências, resulta uma sensação invulgar: a certeza de que todos os sítios têm alguma coisa de especial e a nostalgia que, em certa altura da vida, todos esses locais nos provocam.
De todas as cidades onde tive a oportunidade de viver, aquela onde mais gosto de viver é o Porto. Contudo, aquela que mais marcou a minha vida adulta foi sem dúvida Madrid. Estive lá quase dois anos e só regressei ao Porto porque senti que me pediram para o fazer. Ainda hoje, quando lá vou em trabalho, a recordo com paixão. A cidade possui um cosmopolitismo fantástico. É uma cidade viva, que nunca adormece. E, entre os povos que eu conheço, os espanhóis são aquele que melhor combina a relação entre dever e lazer. Em especial, nas suas principais cidades. Enquanto que, em Portugal, viver em Lisboa ou no Porto representa um sacríficio cada vez maior e uma qualidade de vida cada vez menor, em cidades como Madrid, Barcelona ou, até mesmo, Vigo vive-se bem.
Quanto à Madeira, aquilo que eu gosto mais é do conceito de comunidade que, por cá, ainda se sente. Tudo está próximo e todos se conhecem. As famílias ainda são numerosas, o que se traduz numa coesão mais acentuada do que aquela que existe em meios mais impessoais. Por outras palavras, o afecto e a proximidade das relações humanas compensam a ausência de materialismo - típico das grandes cidades, onde infelizmente as pessoas são julgadas pelo que têm e não pelo que são. Na Madeira, as pessoas são felizes com menos. E não se sente aquela desagradável azáfama que apenas contribui para nos azedarmos uns aos outros. Enfim, esta é uma boa terra. Vive-se sem stress. Vive-se bem.
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