26 janeiro 2009

está ateado


O Joaquim afirma aqui que o primeiro-ministro inglês, Gordon Brown, tem de estar ao corrente do caso Freeport. Claro que está. E só pode ter sido ele a dar a luz verde para o caso avançar. O objectivo é desestabilizar Portugal.

Não me interessa aqui especular sobre os motivos - os quais são provavelmente vários, entre eles a crise financeira. Interessa-me antes referir que, não apenas os ingleses possuem uma longa tradição de desestabilizar e manipular Portugal, como, do ponto de vista deles, é muito fácil fazê-lo.

Conhecendo razoavelmente bem a racionalidade anglo-saxónica, aquilo que posso afirmar é que, na nossa vida pública, nós parecemos aos olhos dos ingleses uns cabeças de vento. Se eu fosse inglês e me fosse dada a tarefa de desestabilizar Portugal, eu reuniria um pequeno conjunto de profissionais do sector - e a Inglaterra possui-os em abundância - e dava-lhes apenas a seguinte ordem: "Não precisam fazer muito. Acendam apenas um pequeno fósforo e façam-no chegar à imprensa. Os próprios portugueses se encarregarão de atear a fogueira".

E é isso que os portugueses estão a fazer, a começar pelo principal visado - o primeiro-ministro José Sócrates. As alegações iniciais do caso Freeport morreriam rapidamente se ele não decidisse alimentá-las com as suas explicações sucessivas. São as suas explicações que fazem os títulos da imprensa. O caso só passou a merecer o interesse da imprensa internacional depois das suas explicações, nunca antes, quando aquilo que era noticiado em Portugal eram meras alegações.

O primeiro-ministro José Sócrates dá explicações públicas porque espera que o povo português lhe faça justiça - e este é um erro fatal. O povo português nunca lhe fará justiça. A razão é que o povo português não tem o sentido de justiça (ver aqui). Pelo contrário, por cada explicação que o PM der sobre o caso ao povo, o povo vai construir um milhão de novas suspeitas e insinuações e inventar dois milhões de novas perguntas e outras tantas anedotas. Se o PM nunca chegou a esta conclusão por argumento intelectual, deveria ter reparado no que sucedeu a Carlos Cruz e, mais recentemente, a Dias Loureiro depois de terem vindo dar explicações ao povo na televisão. Em Portugal não se dá explicações ao povo - porque o povo não tem o sentido da verdade -, nem se pede justiça ao povo - porque o povo não tem o sentido da justiça.

A partir do momento em que o visado dá explicações ao povo, o incêndio está ateado, e nada o fará parar.

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