Como aqui destaquei ontem, os executivos da indústria automóvel estão hoje de novo reunidos em Washington com os membros do Congresso norte-americano.
Em cima da mesa, está um pedido de subsídio estatal. Mas como o tempo é escasso e o dinheiro não abunda, os políticos sugerem que, em alternativa, as empresas afectadas abram processos de falência no sentido de melhor as proteger dos credores. Com isso, alegam os membros do Congresso, os fabricantes poderão ganhar alguma margem de manobra e assim realizarem as inevitáveis reestruturações.
A contra proposta dos congressistas vai contra os desejos da indústria. De resto, o responsável máximo da General Motors, Rick Wagoner, defende que, em face das enormes dívidas acumuladas e sem subsídios públicos, a constituição de processos de falência será o primeiro passo rumo à liquidação de todo o sector, a montante e a jusante, não possibilitando qualquer reestruturação financeira. Pelo contrário, os especialistas em reestruturações de passivo, ouvidos pelo Congresso, afirmam que não. Segundo estes, em casos desta magnitude - definidos como empresas avaliadas em mais de mil milhões de dólares -, a taxa de sobrevivência aos respectivos processos de falência é de 77% (fonte: Lynn LoPucki, Harvard University), representando o modo mais eficaz para assegurar a continuidade do sector automóvel.
Enfim, eu não estou nada certo de que essa taxa de sobrevivência se aplicará a esta situação concreta. Arrisco até dizer que Rick Wagoner, pela primeira vez na sua vida enquanto gestor da GM, é capaz de ter razão. Por outro lado, estou muito convicto de que o sector automóvel norte-americano não tem qualquer viabilidade económica. E que, por isso, a médio prazo, a utilização de dinheiros públicos na forma de subsídios será um erro estratégico clamoroso.
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