Assim, acontece que mal a civilização mediterrânica chega à sua máxima altitude - cerca do século III antes de Cristo - faz a sua aparição o cínico. Diógenes passeia com as suas sandálias cheias de barro sobre os relvados de Aristipo. O cínico tornou-se uma personagem pululante, que se encontrava em todas as esquinas e em todas as alturas. Pois bem: o cínico não fazia outra coisa que sabotar aquela civilização. Era o niilista do helenismo. Nunca criou nem fez nada. O seu papel era desfazer; melhor dizendo, tentar desfazer, porque tão pouco conseguiu o seu propósito. O cínico, o parasita da civilização, vive de negá-la, sabendo de antemão que ela nunca lhe faltará.
(Ortega y Gasset, op. cit.)
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