03 dezembro 2008

city upon a hill

O que é o Bem Comum? Gostaria de tentar responder a esta pergunta, no âmbito da minha visão do mundo. Sendo uma resposta pessoal a esta interrogação, a sua validade é a que é. Poderá contudo interessar a alguns concidadãos que se preocupem com estes assuntos: o que é o Bem Comum?
Como biólogo da espécie humana, não consigo perspectivar qualquer objectivo para a nossa existência colectiva que seja diferente do das outras espécies animais. Todos procuram “crescer e multiplicar-se”, “eternizando” o respectivo DNA. O Homo Sapiens, como produto evolucionário, não poderia escapar a este “destino”, sem admitirmos um hiato na evolução das espécies que só poderia ser colmatado pela fé.
Se aceitarmos este objectivo, como O objectivo, então é lógico deduzirmos que o Bem Comum terá de consistir nos valores que perpetuem a espécie. O contrário, valores que destruam a espécie nunca poderiam ser um bem porque na ausência de seres humanos não há Bem nem Mal. Como será possível, então, descobrirmos e racionalizarmos esses valores?
Transpondo para o nível cultural, para a “matriz cultural”, os elementos que residindo no DNA da espécie (no coração dos homens) se podem traduzir por ideias e conceitos.
A procura da eternização pela reprodução pode traduzir-se, a nível da matriz cultural, pela procura da imortalidade, de Deus, e da verdade. As religiões, enquanto interpretes terrenas do divino, depuraram os valores culturais que melhor servem os desígnios biológicos. O Decálogo, por exemplo, sintetiza os princípios de uma conduta submetida ao Bem Comum. Mas podemos encontrar os mesmos princípios em quase todas as outras religiões e até nas cartas de direitos cívicos. O respeito por estes princípios tem-se revelado positivo, sob o ponto de vista biológico.
Este Bem Comum, que acaba por resultar da nossa acção agregada, não pode ser confundido com a agregação de vontades ou de interesses (essencialmente um fenómeno político), nem com quaisquer programas eugénicos.
Quando falo no resultado agregado da acção humana, refiro-me ao resultado espontâneo das acções do conjunto dos indivíduos livres (na posse dos seus plenos direitos cívicos). A eugenia não procura um resultado espontâneo, é sempre uma imposição de certos genótipos sobre outros e, portanto, parece-me condenável.
O liberalismo pode ser a doutrina que, dando plena liberdade de expressão a cada genótipo, contratualiza da melhor forma possível o relacionamento social dos indivíduos, garantindo o sucesso da espécie. Com este objectivo explícito, o liberalismo pode ser um meio para a realização do Bem Comum.

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