Para além daquela que referi no post anterior, outra dificuldade maior da cultura católica para algum dia se constituir em cultura científica é o facto de ela ser uma cultura que proclama possuir a verdade, e que a verdade é absoluta.
Nesta cultura as coisas são ou verdadeiras ou falsas, toda a proposição ou é verdade ou é mentira, o mundo é visto e pensado a preto e branco, não existe lugar para o meio termo, para a verdade a 60, 75 ou a 90%. Ora, as teses, as hipóteses e as leis científicas são precisamente verdades deste tipo, meramente probabilísticas, a 60, 75 ou 90%. Dificilmente elas encaixam na cultura católica.
O homem católico possui verdades absolutas, ou não possui verdades de todo. O CAA do Blasfémias é a este respeito um case study blogosférico (*). Ele só possui verdades absolutas. E quando as verdades absolutas lhe fogem debaixo dos pés - ou porque não são absolutas ou porque nem sequer são verdades - ele foge para a batota, para a trica, para a marosca e para a manipulação. Será que se pode esperar ciência desta cultura, sequer um debate sério, ou apenas brincadeiras de garotos?
(*) Recentemente, um comentador anónimo, que eu suponho ser a Cristina Keller, sugeriu que eu estava a ganhar uma obsessão pessoal com o CAA. Não é o caso. Para mim, o CAA é um interessantíssimo objecto de estudo da nossa cultura católica em regime de democracia. Existem imensos CAA's em Portugal, eu arriscaria mesmo dizer que quase todo o pessoal político da nossa democracia actual é feito de CAA's. Mas eu só tenho este à mão para observar nos seus comportamentos.
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