17 novembro 2008

um leitor de Ermesinde


Naquela fase da minha vida eu escrevia no DN e tinha um programa diário na TSF e aparecia ainda em outros órgãos de comunicação. Nunca fui colaborador regular do Público. Porém, havia uns meses que, com uma cadência regular, apareciam no Público leitores na secção das cartas ao director, ou articulistas no corpo principal do jornal (cf. próximo post), a insultar-me, ofender-me e amesquinhar-me. Porquê, se eu nem sequer escrevia para o Público?

As coisas ultrapassaram os limites do razoável quando um dia apareceu mais uma carta na secção das cartas ao director do Público, escrita por um leitor de Ermesinde devidamente identificado. O texto era de tal modo ofensivo e amesquinhante, e Ermesinde uma pequena localidade aqui tão próxima do Porto, que eu peguei no jornal, entreguei-o à minha secretária e pedi-lhe:

-Por favor, procure-me este senhor que eu gostaria de falar com ele.

No dia seguinte, perguntei-lhe se já tinha encontrado o senhor. Perante a resposta negativa, ordenei-lhe que continuasse. Uma secretária profissional é uma perita neste tipo de buscas. Ela consultou a lista dos telefones, falou directamente para a PT, procurou na junta de freguesia e na paróquia e não sei por que outros meios. Ao fim de alguns dias, entrou no meu gabinete, devolveu-me o jornal, e disse-me:

-Professor, não existe ninguém em Ermesinde com este nome.

A conclusão que retirei deste episódio foi aquela que eu há muito suspeitava: as cartas ao director que apareciam publicadas no Público a meu respeito eram escritas pelo próprio director do Público.

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