
Os portugueses continuam hoje convencidos, na sua grande maioria, que o país é pequeno e que não comporta a sua divisão em regiões políticas e administrativas. Não olham para alguns países desenvolvidos mais pequenos do que Portugal, onde ela está há muito tempo em vigor. Não têm, sequer, a consciência de que as duas únicas parcelas de Portugal que se desenvolveram efectivamente nos últimos trinta anos foram as Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira.
Também julgam que dividir o país em regiões políticas e administrativas levaria à criação de classes políticas locais despesistas. Não certamente mais do que as que existem no e penduradas no governo central, com a vantagem de um maior e mais eficaz controlo democrático de quem gasta o nosso dinheiro. Ainda por cima, sendo que boa parte desse ficaria nos locais onde é colectado, gerido por políticos eleitos localmente por quem lhes daria o dinheiro para gerir. Os portugueses não perceberam ainda que a regionalização é essencialmente um critério de distribuição e gestão de recursos públicos. Na verdade, ao longo da sua história, eles nunca foram bons defensores do velho princípio “no taxation without representation”, pelo que não é de espantar que passassem a sê-lo agora.
Os resultados do estatismo centralista estão à vista de todos: macrocefalia lisboeta sem vantagem para ninguém, nem mesmo para os próprios lisboetas, desertificação do país, falta de verdadeiro poder local com força política efectiva, canalização de recursos para a capital com baixo retorno para as regiões de origem, caciquização dos partidos onde só é importante quem consegue ter voz em Lisboa junto às direcções nacionais, desinteresse progressivo das populações e dos cidadãos para com a vida política, por sentirem inútil qualquer tentativa de participação.
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