Ainda a propósito da banca, julgo que não foi dado o devido destaque à iniciativa do governador do Banco de Portugal em exigir, aos bancos que sobram, rácios de solvabilidade mais altos. O BdP exigirá agora um rácio de solvabilidade mínimo de 8%.
Esta é uma medida pela qual me tenho batido desde o início da crise. Parece-me ser a única forma de contribuir para a maior solidez dos bancos, em Portugal e no estrangeiro. De resto, no Reino Unido, a FSA (a CMVM lá do sítio) já ordenou aos bancos britânicos que aumentem os seus rácios de solvabilidade para 9%. E na Alemanha, esta manhã o Commerzbank, o banco europeu que mais funcionários despediu desde o início da crise financeira, anunciou que vai recorrer aos fundos estatais da senhora Merkel, de modo a alcançar a fasquia de 11% no seu rácio de solvabilidade.
Existe, contudo, outra exigência que tem de ser feita por parte dos reguladores: que todos os veículos, registados fora do balanço, sejam gradualmente incorporados no balanço. Apenas para dar um exemplo, no final de Junho, só o Citigroup possuía mais de um trilião de dólares fora do balanço ("off balance sheet" como se diz em financês). Em causa, vários empréstimos e investimentos colaterizados ou titularizados que, como entretanto ficamos a saber, possuem risco sim senhor. Portanto, à medida que os bancos se forem recapitalizando, é urgente que as autoridades os forcem a repôr a integridade da sua contabilidade. E que os critérios contabilísticos do passado recente, em particular essa prodigiosa invenção do "off balance sheet", sejam corrigidos.
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