Não deveria a avaliação dos professores começar pelas universidades? É uma proposta que faz todo o sentido, porque a tarefa é de menores proporções (há menos professores universitários do que pré-universitários), os critérios serão menos discutíveis e seria dado um exemplo que viria de cima, por assim dizer.
Lembrei-me de fazer esta sugestão por dois motivos. Em primeiro lugar porque é notória a presença de muitos professores universitários na propaganda governamental à avaliação dos professores. Em segundo lugar porque os disparates das universidades portuguesas são tão públicos e notórios que clamam por uma auditoria qualquer. Ninguém tem vergonha na cara?
Vejam a título de exemplo o “meeting” que o Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa organizou recentemente, e a que chamou Congresso Internacional Karl Marx, para revisitar o pensamento “marxiano”.
Segundo o professor da UNL que organizou este congresso: “Trata-se de um colóquio académico que tem aproximações distintas ao marxismo, mas que parte [para as suas teses] do reconhecimento da actualidade deste pensamento”.
Ora, pergunto eu, não será essencial em qualquer abordagem universitária a colaboração de pessoas que defendem precisamente o contrário?
Isto é, que o pensamento “marxiano” é um aborto total. Que o determinismo histórico não existe, que o materialismo dialéctico é uma aberração do pensamento inteligente, que o comunismo não é o fim da história e que a luta de classes (1) não é o motor da história.
Numa instituição séria, com uma avaliação correcta dos professores, esta manipulação política da universidade nunca seria possível. Comecemos então pela avaliação dos professores universitários.
(1) Marx nunca lidou com operários e nunca participou directamente na luta de classes, se não considerarmos como luta de classes o dignificante episódio de andar a comer a sopeira e de nunca lhe ter pago um tostão.
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