O que é o deboche? É a prática reiterada da intemperança, a concentração exagerada na sensualidade, em detrimento da virtude.
Esta definição deixa muito a desejar, porque o exagero é certamente um juízo subjectivo e portanto é impossível traçar quaisquer fronteiras claras entre um comportamento “normal” e um comportamento debochado.
Nos extremos, porém, as dúvidas são poucas. A gula e a luxúria são fáceis de caracterizar quando os indivíduos se dedicam a estes vícios em prejuízo da própria saúde e das sua responsabilidades sociais. Pelo contrário, não me parece razoável caracterizar como debochado um tipo que tenha apanhado uma carraspana ocasional ou que, uma vez, depois de uma festa, tenha tentado levar para o banco de trás, do carro, a senhora que apenas devia ter levado a casa.
A maior dificuldade, com o deboche, é a classificação dos comportamentos dionisíacos que, nem sempre arrastando as pessoas para a sarjeta, as afasta da virtude. As drogas, o sexo pelo sexo e a promiscuidade, por exemplo, parecem-me cair no capítulo do deboche.
Os ascetas procuravam a virtude longe dos vícios da carne, talvez por exagero. Contudo, a frugalidade e a exigência de laços afectivos nos relacionamentos sexuais continuam, como a Igreja Católica sempre sublinhou, a representar uma grande mais valia social.
No próximo post procurarei demonstrar que os ocidentais se dedicam cada vez mais freneticamente ao deboche e que isto é uma causa e também uma consequência do declínio civilizacional.
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