09 novembro 2008

Avaliação dos professores


Na sequência do meu post anterior, gostava de acrescentar alguns pontos.

Primeiro, gostava de me penitenciar pelo título do post ("Vai trabalhar malandro!"). Fui ofensivo em relação aos muitos professores que vivem a sua profissão com paixão e dignidade. Por isso, peço desculpa.

Segundo, quero reiterar que sou contra a direcção estratégica deste Governo que vai no sentido de facilitar a aprovação de todos os alunos. Aqueles que têm sucesso escolar e contribuem para a qualidade das escolas. Mas também aqueles que não têm rendimento escolar e que perturbam o funcionamento das aulas. Era preferível que estes estivessem fora da escola, a trabalhar e a contribuir para a economia do país.

Terceiro, também sou contra a ideia de que a escola tem de ser encarada como uma grande família, que resolva os problemas existenciais que os jovens adolescentes não conseguem resolver nas suas casas junto das suas próprias famílias. A escola, como local de ensino, em especial a partir do 5º ano, não deve promover um sistema paternal de educação. Pelo contrário, deve submeter-se a critérios de exigência e competitividade característicos do mundo real, no qual, mais tarde, os jovens educandos terão de sobreviver e prosperar.

Quarto, é crucial que os professores sejam avaliados, promovidos ou despromovidos em função das suas qualidades profissionais. Essa avaliação não pode partir directamente dos alunos. Mas também não pode ser exercida apenas pela corporação, pelos professores mais antigos e mais graduados. Deve harmonizar elementos subjectivos. E, no caso do ensino privado, a avaliação não deve ser corrompida pelos incentivos financeiros inerentes à captação de alunos.

Por isso, o sistema de avaliação que eu proponho é o seguinte:

1) Implementação de exames nacionais, todos os anos a partir da 4ª classe, que devem ser redigidos pelos professores que, nas suas respectivas áreas de especialidade, constituam a elite da corporação, em teoria, os professores mais experientes e mais graduados;

2) A partir do 5º ano, rotação anual dos professores, ou seja, em cada disciplina, os alunos devem ter professores diferentes todos os anos;

3) Introdução de um sistema de pontos que avalia o professor em função da diferença entre o aproveitamento escolar obtido pelos seus alunos nas suas turmas e no correspondente exame nacional no final do ano. Trata-se de um sistema diferencial que a) harmoniza as diferenças nacionais existentes entre os vários estabelecimentos de ensino espalhados por esse país fora e; b) constitui um incentivo adicional para que os professores sejam rigorosos na atribuição das notas nas suas turmas, bem como na salvaguarda da qualidade do ensino nas aulas.

4) O sistema diferencial deve incluir as avaliações dos últimos três anos, representando um barómetro de qualidade assente numa perspectiva de médio prazo e permitindo esbater eventuais elementos subjectivos impossíveis de antecipar.

5) Os exames nacionais devem ser corrigidos pelos professores que, no ano anterior, se tenham classificado com as melhores pontuações do sistema de avaliação. Estes professores devem ser beneficiados através de aumentos salariais, promoções de carreira ou concessão de períodos sabáticos.

6) Os professores que piores classificações registarem, nomeadamente aqueles que se classificarem abaixo do percentil 10, devem ser demitidos a fim de se proceder à contratação de outros mais capazes.

Em suma, este seria o plano que eu proporia ao senhor Primeiro Ministro se fosse Ministro da Educação. Na minha opinião, um sistema justo, meritocrático e dinâmico.

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