Ainda é cedo para fazer o balanço da presidência de George Bush, mas Hollywood é mais rápida que Wall St. e o filme de Oliver Stone, W., já aí está para o confirmar.
Oliver Stone estudou o personagem e o desempenho de Bush, para analisar os factores que o tornaram tão popular, ao ponto de lhe garantirem um segundo mandato. Stone considera que a presidência de Bush foi um fracasso e que os artistas e intelectuais têm a obrigação de estudar este fenómeno, para evitar que se repita.
Ora as conclusões a que chegou são as seguintes: Bush é um gajo porreiro, com quem a malta se identifica. Um daqueles compinchas com quem se gosta de ir beber uns finos (imperiais para os mouros) e o pessoal votou nele porque se identificou com o personagem. Stone chega até a afirmar que, ao votar em Bush, os cidadãos sentem que também eles estariam qualificados para a presidência. Mas, acrescenta Stone, Bush é um tipo falível e cheio de fraquezas humanas.
Não tenciono ir ver o filme, como não fui ver o JFK e o Nixon (do mesmo autor) porque se refere a acontecimentos demasiado recentes e prefiro ir pensando neles à minha maneira. Contudo, aqui ficam algumas notas.
A visão de Stone é um ataque violento à democracia. Em democracia, quem decide sobre a qualificação dos seus representantes é a populaça, não são os artistas e intelectuais de Hollywood. Segundo, a ideia de que Bush é um tipo falível é um verdadeiro apelo a líderes iluminados, outra ideia anti-democrática.
Por fim, Stone ignora os processos de decisão política nos EUA. Os poderes do presidente são limitados, como vimos agora com a aprovação do “bailout”. Claro que lhe convém centrar tudo numa única figura, senão não teria filme, mas é uma simplificação boçal.
Oliver Stone é um gajo porreiro e um grande compincha para uns copos, mas é totalmente desqualificado como analista político e historiador.
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