Ao contrário do que muitos afirmam, eu considero que Jean Claude Trichet tem desempenhado um excelente papel como governador do Banco Central Europeu (BCE). Durante muito tempo andaram a chagar-lhe o juízo para que reduzisse as taxas de juro, quando na verdade o problema que temos em mãos tem origem nas taxas de juro baixas de mais que na última década têm sido adoptadas, de um modo geral, por todos os bancos centrais no mundo. Trichet resistiu e bem.
Ao longo da presente crise, Trichet tem tido um registo exemplar. Sempre que necessário tem injectado liquidez no sistema, através de operações REPO, mas ao contrário do FED tem mantido o critério. No que diz respeito ao tipo de activos entregues pelos bancos como colateral. E no que se refere às actividades bancárias que devem ser desempenhadas apenas pelos bancos de retalho. Mais recentemente, participou de forma solidária, mas simbólica, na redução de taxa de juro, global e coordenada entre vários bancos centrais mundiais, com um corte de 50 pontos base. Em suma, Trichet tem sabido manter-se à margem dos problemas de solvência de qualquer banco em particular porque esse não é um problema para ser resolvido pelo BCE. É da competência, primeiro, dos accionistas dos bancos em apuros e, segundo, dos Estados membros que regulam as suas actividades.
Entretanto, Trichet deu ontem mais uma prova da sua sensatez ao afirmar no Economic Club of New York que "Perhaps what we need is to go back to the first Bretton Woods, to go back to discipline (...) macroeconomic discipline, monetary discipline, market discipline" (Bloomberg).
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