27 outubro 2008

só p'ra chatear o meu pai


A liberdade como revolta pessoalizada contra a autoridade, uma característica cultural dos povos católicos a que aludi no meu post anterior, tem tido muitas descrições em Portugal. O período post-25 de Abril fornecia-as quotidianamente. Os democratas eram todos, sem excepção contra alguém - contra os fascistas, contra os patrões, contra os polícias, contra os reaccionários, contra os padres, contra os ricos, etc.

Algumas destas descrições são humorísticas. Uma das minhas preferidas ocorreu ainda durante o Estado Novo, num programa televisivo chamado Zip-Zip que fez furor na época com o Raúl Solnado, o Carlos Cruz e o Fialho Gouveia. Numa charla, o Raúl Solnado fazia de ladrão, vestido descuidadamente, de camisa aberta e boina na cabeça como convinha a um ladrão na altura, e era entrevistado pelo Carlos Cruz. A certa altura da entrevista, o Carlos Cruz pergunta-lhe:

-Mas agora, diga-me cá, porque é que decidiu tornar-se ladrão?

-Ah, isso foi só p'ra chatear o meu pai que era polícia...

Agora, a solução ao quiz do meu post anterior: Espanha. O aspecto curioso é que podia ser Portugal, México, Itália, Argentina, Costa Rica, Equador, Chile, Guatemala ou qualquer outro país de cultura católica. É só revoltas.

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