Os mercados financeiros continuam embrulhados em vários assuntos delicados. Ontem, na Europa tivemos o Banco Central Húngaro a defender a sua divisa dos ataques especulativos de investidores que antecipam o risco de incumprimento na dívida pública de muitos destes países emergentes. Durante a tarde, nos EUA, houve uma sessão no Congresso, cujo objectivo foi crucificar as agências de rating na sequência da incapacidade que estas revelaram em detectar activos de má qualidade. Esta manhã, as notícias dão conta de que também a Bielorússia pediu ajuda ao FMI que, por sua vez, parece estar paralisado devido ao irrelevante caso Strauss Kahn. No mundo empresarial, a Sony reportou maus resultados contribuindo para que o Nikkei tivesse encerrado a sessão apenas a 800 pontos de distância (10%) do mínimo de uma geração registado em 1982. Para completar o ramalhete, as taxas interbancárias no mercado asiático aumentaram pela primeira vez nos últimos dias. E o Credit Suisse apresentou prejuízos.
Qual a resposta para tudo isto? A solução parece ser política orçamental expansionista. Contudo, há diferenças grandes na forma como os vários governos estão a projectar os seus planos keynesianos. Nos Estados Unidos, provavelmente, vão enveredar pelas deduções fiscais às famílias e negócios (os famosos tax rebates), que poderão elevar o défice de transacções correntes para valores superiores a 1 trilião de dólares, cerca de 7,5% do PIB. Na Alemanha, também devem seguir esta via. Contudo, o plano de deduções fiscais que a senhora Merkel prepara neste momento está avaliado em apenas 15 mil milhões de euros - 0,7% do PIB alemão. Depois, noutros países, as tácticas variam ligeiramente. Em Itália, deduções fiscais direccionadas à sua indústria automóvel e têxtil. Na China, deduções fiscais direccionadas às empresas exportadores e um programa de obras públicas. No Reino Unido, ajuda governamental na habitação, na energia e também linhas de crédito para as PME's - um programa semelhante ao português.
No fundo, como hoje afirmava o analista Robert Lind do ABN Amro, "We are all Keynesians now"! Porém, a implementação destes planos dependerá dos níveis actuais de endividamento que as suas economias já revelem. E da coragem que os seus políticos possam ter - caso da Alemanha - ao não agravar excessivamente o ónus orçamental sobre os seus contribuintes.
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