20 setembro 2008

um jovem


Acompanhando a democracia, o sentimento de igualdade parece ter tomado conta de todas as relações sociais e pessoais. E eu estava à espera de um comentário como este ao meu post anterior para afirmar, e explicar, que sobre temas gerais da vida eu não aceito discutir em condições de igualdade com uma pessoa substancialmente mais nova do que eu. Ficam de fora, naturalmente, assuntos especializados, como física quântica ou biologia molecular, quando o meu interlocutor possua expertise técnica.

Sob pena de repetir a minha idade (54), admitamos que me ponho a discutir sobre qualquer assunto geral da vida com uma rapaz de 28. Eu não tomo as opiniões dele a sério no mesmo plano em que tomo as minhas. Nem podia tomar. Porque tal significaria, supondo que as nossas capacidades intelectuais são semelhantes, que eu não tinha aprendido nada nos 26 anos de vida que nos separam; ou então, removendo a hipótese anterior, que ele é um génio de tal ordem que aprendeu em 28 anos aquilo que eu demorei 54 a aprender.

Em relação a esta última possibilidade, não existe uma pessoa em um bilião que o possa fazer. A razão é que a forma mais eficaz de aprendizagem da vida é aquela que se faz pela experiência e ele não pode ter coleccionado aos 28 anos de vida as experiências que eu coleccionei em 54. Aos meus olhos é um jovem. E se ele insistir em afrontar-me, bem, nesse caso eu trato-o como merece. E em lugar de o tratar como um jovem, passo a tratá-lo como um puto.

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