Provavelmente, uma das consequências desta crise financeira será a redução dos bónus atribuídos aos gestores das empresas do sector financeiro. Não necessariamente porque as sociedades os deixem de poder pagar. Mas porque os accionistas não consentirão as remunerações milionárias, em alguns casos bilionárias até, com a mesma facilidade com que o fizeram até agora. Há situações que desafiam a lógica, em particular em algumas das empresas que hoje lutam, meramente, para sobreviver.
Na Merrill Lynch, por exemplo, o CEO John Thain e dois outros executivos, Peter Kraus e Thomas Montag (este apenas há um mês na empresa!), poderão receber uma indemnização conjunta de 200 milhões de dólares se forem despedidos ou despromovidos pela administração do Bank of America com quem agora negociaram a venda da sociedade. Na AIG, o antigo executivo Hank Greenberg, o principal responsável da empresa durante 38 anos, que em 2006 havia negociado a sua demissão em contrapartida de uma indemnização de 6,5 mil milhões de dólares em acções AIG (!?!), mantém uma fortuna superior a 600 milhões de dólares - após a implosão dos títulos. Na Lehman Brothers, o seu CEO Richard Fuld não leva nada pois o valor das acções da empresa a que tinha direito passou de 1,2 mil milhões de dólares para cerca de 500 mil, que entretanto já foram liquidadas não fosse o diabo tecê-las! De qualquer modo, o bónus que Fuld recebeu em 2007, cerca de 170 milhões de dólares, deve ainda permitir-lhe cobrir as suas despesas pessoais.
Enfim, somas astronómicas, umas merecidas e ajustadas, outras descabidas e inaceitáveis. Os accionistas estarão mais atentos. E quanto aos que cá ficam no sector, paciência, tão cedo não se ganhará tanto dinheiro!
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