23 agosto 2008

ibéria

Enquanto a rivalidade entre Portugal e Espanha diminui, a rivalidade entre as autonomias aumenta. Deixem-me desde já esclarecer que esta afirmação é meramente especulativa e que o único fundamento que tem é a minha experiência pessoal.
Por motivos profissionais, há vários anos que passo bastante tempo em Espanha, especialmente na Galiza e em Madrid. Constato então que os portugueses são cada vez mais bem recebidos, que os espanhóis têm curiosidade sobre o nosso País e que gostam de nos visitar. Muitos amigos meus partilham desta opinião e alguns até obtiveram a dupla nacionalidade, que os espanhóis concedem aos portugueses com bastante facilidade.
Pelo contrário, as relações entre as autonomias, em Espanha, tem vindo a deteriorar-se e, ano após ano torna-se mais difícil. Neste momento, os catalães estão a criar dificuldades ao Governo na aprovação do orçamento de Estado para 2009. E os bascos (a ETA) recusam o TGV que iria “violar a terra-mãe”. Presumo que, em Portugal, não há uma única voz contra o TGV por este ligar os dois países.
Em Portugal, as autonomias, os Açores e a Madeira, beneficiam da insularidade que os distancia do continente. Açorianos e madeirenses, contudo, não estão particularmente enamorados de nós e este sentimento parece-me recíproco. Pensamos, no continente, que os ilhéus vivem à nossa custa e isso cria dificuldades.
Se me pedissem uma explicação para este hipotético fenómeno diria que a rivalidade entre as autonomias é um facto ampliado pelos governos centrais que, pelas suas políticas, beneficiam (ou parecem beneficiar) uns mais do que outros, sugerindo a ideia de filhos e enteados, e estimulando disputas. Claro que este fenómeno não existe entre Portugal e Espanha e talvez aí resida a razão de ser do nosso bom relacionamento.

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