28 julho 2008

a crise da direita

As recentes saídas de militantes do CDS, em ruptura com a Direcção Nacional, não indiciam necessariamente uma crise inultrapassável do partido do Caldas. Mas elas revelam um mal-estar crescente que se acentuou nesse partido desde o regresso intempestivo, abrupto e fracturante de Paulo Portas. Ao posicionar-se contra a liderança em exercício, eleita na vacatura de poder de que ele mesmo fora responsável, Paulo Portas deixou de ser a referência incontestada do partido e passou a líder de facção. De uma facção maioritária, é certo, mas que, se as coisas não correrem bem, pode ver significativamente reduzida a sua expressão.

E bem, na verdade, as coisas não estão a correr para o partido de Paulo Portas. Estas saídas agora anunciadas e as deserções que se podem antever caso o partido venha a ter um mau resultado nas autárquicas e nas legislativas do próximo ano, podem conduzir o CDS a um ponto de não regresso na insignificância política. Bastar-lhe-á, para tanto, voltar a ficar atrás do Bloco de Esquerda.

Se esse cenário ocorrer, há uma questão a colocar: quem representará o espaço partidário da direita que não se revê no PSD? Sugiro, então, a leitura de uma entrevista concedida há dias por Rui Moreira ao Sol, em que se falava na inevitabilidade da emergência de uma nova força política à direita, que, como sucedeu com o Bloco de Esquerda, actualize o estilo e o discurso, porventura abrindo-se decididamente ao campo liberal. Será?

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