30 julho 2008

o que é a esquerda, hoje?


Este post do Joaquim Sá Couto constitui um desafio interessante. Perceber o que é, hoje, a esquerda, não é, de facto, tarefa fácil.
Por outras palavras, a questão poderia colocar-se assim: em que consiste, hoje, o socialismo? Na verdade, desde a queda do muro de Berlim e da desilusão com o New Labor de Blair, que a esquerda se encontra perdida, sem referências. Por outro lado, não deixa de ser interessante constatar que a sua transformação, se é que de uma transformação se trata, tem obedecido, nas últimas décadas, mais a critérios e referências messiânicas (Clinton, Blair, Zapatero e agora Obama), como que à espera de alguém que lhes indique o caminho, do que exactamente a critérios e referências ideológicas. No que a estas respeita, a desorientação é total e a esquerda ora defende o mercado, ora o condena, ora apela à liberdade individual, ora chama pelo estado, ora quer privatizações, ora quer intervenção económica, ora quer segurança, ora ataca as polícias, e por aí em diante. No essencial, eu diria que a esquerda se tem resguardado no que considera serem as “causas fracturantes” do nosso tempo, entre elas a defesa do aborto livre, a igualdade de direitos das minorias, a ecologia alarmista, e, claro está, no plano da política internacional, a condenação sistemática do papel dos EUA (a que, num passado recente, chamavam o “imperialismo americano”) e a simpatia pelos populismos terceiro-mundistas de sempre (Chávez, Morales, Fidel, sempre Fidel). Pouco, muito pouco para quem quer “transformar o mundo”. Definitivamente, a esquerda aguarda melhores dias.

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