As organizações sociais são mais do que a soma aritmética dos indivíduos que a constituem porque há uma sinergia que emerge do colectivo e que se autonomiza. Como se o colectivo se tornasse numa entidade própria a que antropomorficamente atribuímos existência.
Nas tribos africanas esta entidade é o chamado Espírito Tribal. Martin Page diz que os nativos atribuem ao Espírito Tribal uma determinada personalidade que influencia e molda as personalidades de todos os membros da tribo. Nos países ocidentais, muitas empresas (tribos?) também têm o seu espírito, o seu espírito de corpo (esprit de corps), a que todos se devem subordinar.
Admito que exista um Espírito Lusitano. Um conjunto de características que nos subjugam. Não me refiro à cultura portuguesa que podemos caracterizar como um conjunto determinado de valores e de tradições. Refiro-me a um arquétipo, a uma entidade autónoma que acreditamos fazer de nós o que somos.
Quando nos confrontam com a necessidade de mudar, invocamos muitas vezes o Espírito Lusitano para justificar o status quo e a inacção. Nós não somos assim! E somos supersticiosos relativamente à mudança, como se temêssemos afrontar o Espírito que nos domina.
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