22 julho 2008

conhecimento e autoridade

Quando se fala de autoridade confunde-se muitas vezes autoridade com autoritarismo. É um erro crasso porque a autoridade impõe-se por si própria e o autoritarismo necessita de recorrer à coação. Pelos comentário ao meu post sobre o papel da autoridade na aprendizagem percebi esta confusão.
Gostaria então de dar um exemplo pessoal sobre o papel positivo da autoridade na aquisição de conhecimentos. Conheci o Prof. Pedro Arroja no início dos anos 90, nessa altura PA já era uma figura nacional, protagonista do movimento liberal. Costumava ler os seus artigos no DN, com temas sempre controversos como a privatização dos rios, a emissão de moeda pelas regiões ou a venda de órgãos humanos. Umas vezes concordava, outras discordava.
Um dia, uma amiga comum apresentou-nos e fomos almoçar juntos. Foi um encontro agradável e eu apercebi-me imediatamente que PA falava com autoridade. Tinha estudado os assuntos em profundidade, citava os autores originais e estava ao corrente de todos os acontecimentos relevantes. Manifestava ainda uma genuína preocupação com o País, elemento essencial da autoridade (o conhecimento ao serviço do bem).
A partir daí continuei a acompanhar a produção intelectual do PA e quando não concordava com ele guardava a informação recebida com uma etiqueta especial, a etiqueta da autoridade do autor.
Eventualmente, em contextos muito variados, recordava uma opinião do PA e via se esta se encaixava num problema particular. Por exemplo, deveríamos privatizar o SNS? Outras pessoas amigas, também com autoridade, achavam que não.
Fui lendo autores como Mises, Milton Friedman, Hayek e Rand. Fiquei convencido da superioridade do liberalismo. Sem a autoridade do PA poderia nunca ter descoberto estes autores e a minha visão do mundo seria hoje mais limitada. Como limitada será a visão dos que nunca tiveram professores ou tutores ou amigos com autoridade nas diversas áreas do conhecimento a que se dedicaram.
Felizmente conheci muitas pessoas com autoridade ao logo da minha vida e isso convenceu-me do papel insubstituível da autoridade na aprendizagem. Corresponde à minha experiência pessoal e ainda faz todo o sentido que assim seja. A informação que é veiculada por pessoas sem autoridade entra por um ouvido e sai por outro.

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