Imaginemos uma economia aberta e globalizada, com um banco central autónomo. A moeda é estável e as taxas de juros baixas, mas a inflação ultrapassa os 3%. No nosso modelo, o único bem responsável pela inflação é o petróleo. Neste país todo o petróleo é importado e não existem substitutos. A minha pergunta é a seguinte: Deve o banco central aumentar a taxa de referência para diminuir a inflação?
Ceteris paribus, qual o impacto sobre as pessoas e empresas do aumento das taxas de juro em comparação com o aumento da inflação. Num modelo simplificado é mais fácil analisar estas duas opções.
A minha resposta é tolerar a inflação. Porquê? Porque aumentar as taxas de juro teria um impacto negativo sobre o desenvolvimento. Acresce que neste modelo a inflação é importada e não pode ser combatida internamente.
As consequências destas medidas têm reflexos diversos para os diferentes agentes económicos. Para os reformados, pensionistas e aforradores, por exemplo, o aumento das taxas de juro é benéfico. Para as empresas é prejudicial, em particular para as empresas que recorrem intensivamente ao capital e que não dependem do petróleo.
Se neste modelo o crescimento fosse à partida fraco (como é o caso em Portugal e por toda a Europa do Euro) então nem hesitaria. Subir as taxas de juro determinaria estagflação.
É evidente, numa análise ultra-simplista, que uma situação destas exige uma solução política (porque há muitos beneficiados e prejudicados) e é um dos casos em que, por ironia ou por excepção à regra, a independência da autoridade monetária não ajuda muito.
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