19 junho 2008

blindfolded

A inflação actual não tem nada a ver com a inflação dos anos 60 e 70. Não resulta de políticas monetárias erradas, nem de investimentos públicos faraónicos, nem do poder reivindicativo dos sindicatos, nem de qualquer proteccionismo industrial. É necessário que não façamos comparações disparatadas para que não erremos no diagnóstico e na terapêutica.
A inflação actual é o resultado do aumento do preço do petróleo e das matérias primas que importamos (estou a pensar a nível Europeu) do exterior e que obviamente reflecte o aumento da procura destes bens em relação à oferta, com mais ou menos especulação.
Esta situação, que é nova, acarreta uma transferência de riqueza, a nível global, dos países consumidores destes bens para os países produtores. Na Europa e em Portugal temos de aceitar esta transferência que é inevitável e suportarmos as respectivas consequências.
O que não devemos aceitar é que o BCE e os Governos se armem em falcões zarolhos e nos sobrecarreguem com políticas do passado para problemas do presente. O aumento das taxas de juro, por exemplo, é prejudicial.
Se é possível aplicar este termo, a inflação actual é virtuosa, porque resulta de uma escassez real. Afecta o nível de vida de todos, é um facto, mas é um facto que não podemos alterar. Combatê-la com medidas monetárias compromete a única via que temos para reagir ao aumento dos preços que é investir, aumentar a produtividade e criar mais valor.

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