A chamada underclass é constituída por pessoas que não se integram na sociedade em que vivem, que adoptam comportamentos marginais e que parasitam tudo e todos à sua volta. Sempre existiram marginais, mas a underclass constitui um grupo particular de marginais, pessoas capazes das maiores atrocidades sem quaisquer sentimentos de culpa. Em Portugal a underclass é um fenómeno novo e, como disse, não deve ser confundida com a pobreza.
Oscar Lewis, o sociólogo que cunhou o termo underclass, observou que a underclass está focada no presente e demonstra pouca capacidade para adiar qualquer gratificação ou planear o futuro. É uma observação muito perspicaz, a capacidade de contemplar o futuro é a principal característica que nos distingue dos animais e portanto Oscar Lewis está a dizer-nos, por outras palavras, que a underclass está num estado primitivo de desenvolvimento. São seres da espécie humana que não estão domesticados, por assim dizer.
Muitos factores culturais estarão relacionados com a emergência da underclass. No post anterior referi o Estado Previdência e portanto vai implícito que o socialismo me parece também responsável pelo fenómeno.
O ateísmo poderá ser outro factor implicado na génese da underclass. As religiões, em particular as Cristãs, compelem-nos a pensar no futuro, em última instância na vida eterna e nos sacrifícios que temos de fazer para a atingir. Ora a postura imediatista da underclass pode ser interpretada como a expressão cultural da anunciada morte de Deus. O que me leva a concluir que a morte de Deus estaria inevitavelmente associada à morte da nossa humanidade.
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