Numa entrevista transmitida ontem pela SIC, o Presidente do Conselho Económico e Social comparou a pobreza em África com a pobreza em Portugal e deu como exemplo o sofrimento de uma criança de África com fome, que comparou ao de uma criança portuguesa que não tenha dinheiro para comprar roupa “adequada” e que por esse motivo se sinta ridicularizada pelos colegas da escola.
Na opinião do Presidente do CES é legítimo comparar a situação destas duas crianças que sofrem de modo idêntico, devido à pobreza relativa de ambas.
Ouço e pasmo. Uma coisa são as necessidades básicas de sobrevivência e outra, certamente, são desejos e impulsos consumistas. O desejo de uma criança por umas sapatilhas de marca poderá ser comparado à necessidade de leite ou cereais? Estas afirmações ridicularizam a verdadeira pobreza e justificam a insensibilidade ocidental perante o continente africano.
Que dizer a um pai que se sente dividido entre doar uns euros para uma ONG que distribui ajuda alimentar em África ou comprar umas All-Stars para a filha? Que o imperativo moral é idêntico?
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