23 maio 2008

da credibilidade política

A política portuguesa adoptou um novo critério de selecção dos políticos: a dicotomia «credibilidade» vs. «populismo», sendo que os bons são os primeiros e os maus são os segundos.
A divisão é um pouco artificial, mesmo até contraditória em regimes democráticos, como o nosso pretende ser. Quem a utiliza desconhece certamente a origem do primeiro termo – a «credibilidade». Ele é tipicamente originário de um mundo burguês em ascensão na Europa oitocentista, onde os valores da boa reputação comercial, da honradez contratual, da lisura nos negócios, da confiança empresarial davam bom nome, boa fama, boa reputação a quem os praticava, conferindo-lhe crédito e reconhecimento do mercado. Por outras palavras, popularidade.
Ora, no mercado político democrático um líder credível é forçosamente, tal como no mundo dos negócios, um líder popular. Alguém cujas qualidades políticas atraiam a simpatia maioritária dos eleitores e dos votos, isto é, do mercado político. Em democracia chama-se a isto um «populista». A não ser que o reconhecimento pretendido seja, não do povo e do eleitorado, mas das «elites» sociais e partidárias. Nesse caso, passa a chamar-se um «baronete».

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