22 abril 2008

Luz



Na semana passada, enquanto jantava um belo de um leitão ali para os lados da Trofa, assisti em directo à demissão de Luís Filipe Menezes. A minha primeira reacção foi pensar que o ex-líder queria apenas recuperar a legitimidade da sua liderança através de novas directas, em face da sua popularidade junto das bases do partido. Por isso, depois de ver as "gordas" a passar em rodapé, lá voltei ao leitão. Mas parece que me enganei. O homem fartou-se mesmo dos repetidos abusos de que foi alvo. No início, injustos. No final, merecidos. Há dias, em conversa com uma pessoa ligada à comunicação social, foi-me dito que Menezes é daquelas pessoas que precisa de sentir o carinho e o afecto dos seus pares. Pois, no seu PSD sentiu tudo menos isso. O que teve impacto na sua prestação à frente do partido.

Entre os vários candidatos que se posicionam para lutar pela liderança do partido, Manuela Ferreira Leite é, a meu ver, a candidatura menos interessante de todas. Em primeiro lugar, porque não lhe reconheço a tal enorme competência técnica de que tanto falam. Posso estar a ser tremendamente injusto, mas parece-me um daqueles casos de "boa imprensa"...fazendo um paralelismo com o futebol, Ferreira Leite é uma espécie de João Vieira Pinto: idolatrado pelos jornais e pelos adeptos, mas apenas um bom jogador. Segundo, no campo político, não tenho qualquer dúvida, Manuela Ferreira Leite é um desastre. Um político, por mais competente que seja, não pode aparecer com um discurso permanentemente cinzento e com ar de quem não dormiu só de pensar nas preocupações.

No que diz respeito aos jovens turcos, tenho uma inclinação. Rui Rio parece estar descartado, aparentemente, porque não quer sair chamuscado. Ainda não será em 2009 que o PS perderá as eleições. Neste momento, estou até convencido que o PS voltará a ganhar a maioria absoluta. Portanto, a saída de cena de Rio, manhosa e astuta, é uma boa jogada. Quanto a Aguiar Branco, não conheço as suas ideias. Aliás, praticamente não o ouvi falar. Conheço apenas a sua figura enigmática. E os relatos da má língua, segundo os quais foi o estratega que esteve na origem da desistência de Menezes. Não é um bom ponto de partida. Por fim, Pedro Passos Coelho. Surgiu com o bom discurso, quiçá, no país errado. Contudo, há qualquer coisa em Pedro Passos Coelho que joga a seu favor: há ali uma certa aura sonhadora. Há ali qualquer coisa de Barack Obama. No fundo, representa o corte com o passado recente e com os candidatos do cabelo branco. E poderá devolver ao partido a alma e a chama perdida. Pedro Passos Coelho é a melhor alternativa. Para já e para 2013 - não vão os abutres pensar regressar de novo.

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