01 abril 2008

laicismo e obscurantismo

O que é o demónio do iluminismo? É uma hipótese avançada por Edward O. Wilson, no seu livro “Consilience”, uma hipótese que ventila a possibilidade do iluminismo, que floresceu na Europa nos Sec. XVII e XVIII , conter em si próprio uma fraqueza subtil, mas inultrapassável, que eventualmente conduz ao obscurantismo. Ou seja, ao propósito contrário do que os iluministas se propunham.
Wilson considera que “o iluminismo enquanto visão laica do conhecimento, ao serviço dos direitos humanos e do progresso, foi a maior contribuição da civilização Ocidental” (para a humanidade). Deveremos tentar recuperar o espírito do iluminismo ou “aceitar que foi um falhanço, porque conduziu ao terror do Estado totalitário”. “A confiança na ciência e o optimismo no futuro levaram-nos também a acreditar no planeamento da sociedade perfeita – uma cultura, uma ciência – seja fascista, comunista ou teocrática, com as consequências que se conhecem”.

Rousseau, que viveu em pleno iluminismo, não teve pejo em recomendar o uso da força contra todos os desviantes que se recusassem a obedecer à vontade geral. Robespierre, em 1793, tirou as devidas elações de Rousseau e juntamente com os Jacobinos utilizou julgamentos e execuções sumárias para eliminar todos os tais desviantes da nova ordem.

Eu concordo com a hipótese de Wilson. O iluminismo contém em si um demónio que eventualmente conduz ao obscurantismo. A minha tese é que esse demónio é o laicismo. Os seres humanos têm um corpo e um espírito e se a ciência é suficiente para alimentar o corpo, o espírito precisa de Deus. A fé exclusiva na ciência deixa o espírito nas trevas e esse é o demónio do iluminismo. Já agora, recomendo vivamente o livro de Edward O. Wilson “Consilience”, uma pérola.

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