30 abril 2008

food first

A análise de Isabel Jonet, presidente do Banco Alimentar contra a Fome, sobre o impacto que o aumento dos preços dos produtos agrícolas terá em Portugal é muito clara (ver entrevista ao DE):

Olhando para os números e para os hábitos na UE percebe-se a dimensão do problema. No cabaz médio de bens da zona euro, os alimentos representam menos de 15%; em Portugal este peso ronda os 20%. Espanha, principal parceiro nas trocas comerciais e maior fonte de investimento, é outro dos países com alta exposição à conjuntura adversa nos preços da alimentação e do custo do crédito: o endividamento junto da banca é dos mais elevados do euro e os alimentos têm um peso de 20% no cabaz básico de bens de consumo. Já Grécia, França ou Alemanha revelam-se menos vulneráveis, quer pelo menor peso da alimentação no cabaz, quer pela menor dependência face ao crédito bancário.

Portugal é assim das economias mais expostas da Europa ao choque mundial nos preços dos bens alimentares pois, adicionalmente, luta contra a pressão do elevado endividamento sobre as despesas das famílias e empresas. No entender dos especialistas ouvidos esta situação está a empurrar mais pessoas para a pobreza e ameaça seriamente o poder de compra das famílias, a facturação e a criação de emprego das empresas e, sobretudo, os mais endividados pois quanto mais elevados os preços na zona euro, mais as taxas de juro podem subir.

Isabel Jonet, economista e presidente do Banco Alimentar contra a Fome, explica que a situação em Portugal “é das mais preocupantes porque não estamos só a falar de desfavorecidos como crianças, desempregados ou idosos”. “A subida das taxas de juro criou uma nova classe de carenciados: são os novos pobres.


Obviamente que este assunto é de extrema importância e eu aproveito para deixar aqui uns links para posts que publiquei anteriormente (sobre o aumento de preços e sobre soluções).

Parece-me incontornável que o Governo aborde este assunto de forma séria. Como se dizia antigamente: Já!

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