20 abril 2008

anatomia dos líderes

Luís Filipe Menezes – Um homem capaz de feitos extraordinários, tais como conquistar um partido com as regras do adversário, contra os barões e com uma péssima comunicação social, e, depois, entregá-lo em Lisboa (isto é, no país) a Rui Gomes da Silva, Pedro Pinto, Santana e Ribau.

António Borges – O homem que teve de adiar a consumação da sua natural vocação para a liderança, por ter sido profissionalmente ameaçado pelo temível ministro Pinho. Um líder nato.

Marcelo Rebelo de Sousa – O candidato que desconfia da sua própria sombra. Principalmente quando está de costas voltadas para ela.

Manuela Ferreira Leite – Uma longa carreira de inestimáveis serviços públicos, sobretudo no Ministério das Finanças. Deixou marcas profundas no país, quando exerceu funções governativas. Durão Barroso tinha-lhe marcado um destino glorioso, não tivesse ido para Bruxelas. Ideal para captar o voto da classe média e dos empresários, que lhe guardam boa memória.

José Pedro Aguiar Branco – Lapidar, a sua declaração sobre o estado do tempo («hoje já fez sol e chuva...») na conferência de imprensa na manhã seguinte à demissão de Menezes onde, habilidosamente, mais uma vez não disse se seria ou deixaria de ser candidato a líder. Só equiparável àquela outra máxima de um seu antecessor político, o célebre Conselheiro Gama Torres, d’ O Conde de Abranhos, quando, sobre tudo e sobre nada, sempre avaro em revelar os seus mais profundos pensamentos, exclamava: «Sim, sim, ele há questões terríveis: o pauperismo e a prostituição». Um queirosiano na política, sem dúvida.

Rui Rio – O eterno candidato, a candidato, a candidato de candidato. O partido, o país e a nobreza laranja, sobretudo a de Lisboa (que é, em boa verdade, onde a nobreza está) anseiam por ele, mas não há meio de cair o nevoeiro donde sairá triunfador. Um prejuízo imenso para o país, que sem dúvida governaria com a mesma sagacidade e talento com que tem governado a cidade do Porto.

Pedro Passos Coelho – O poder à JSD. É verdade que o futuro aos jovens pertence, mas também não era necessário exagerar.

Paula Teixeira da Cruz – Se atacar o governo de Sócrates com a mesma tenacidade e eficácia com que atacou a Câmara Municipal de Lisboa do PSD, será, sem dúvida, a mais temível adversária do actual primeiro-ministro.

Pedro Santana Lopes – Também ele conheceu, como Menezes, a perfídia, a maldade e a traição. Os padecimentos que suportou só são comparáveis ao espancamento de um recém-nascido incubado. Particularmente talentoso a escolher colaboradores, permitiu a revelação nacional de Rui Gomes da Silva, dirigente a quem já todos vamos devendo alguma coisa. Bastante até, diria mesmo.

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