05 março 2008

move the box*

A filosofia de Ayn Rand, o objectivismo, assenta em princípios considerados axiomas básicos, que definem a sua visão metafísica do universo. Esses axiomas básicos são a existência, a consciência e a identidade.

Para Rand “a existência existe”. É um axioma que nada nos diz sobre a natureza dos existentes, apenas que existem. Se a existência não existisse não seria sequer possível interrogarmo-nos sobre o que quer que fosse e portanto a primazia da existência é uma realidade incontornável, uma evidência perceptiva. Este conceito não implica a existência de um mundo material, apenas que os existentes são, por oposição a nada.

O segundo axioma é a afirmação da consciência humana como a faculdade de perceber os existentes. O objectivismo aceita a possibilidade da existência de um universo sem “seres conscientes”, mas afirma a necessidade da consciência como meio de captar a realidade.

O terceiro axioma é a identidade. Tudo o que é, é algo, tem identidade. A é A. A não pode ser em simultâneo A e B. Para Rand existência e identidade são a mesma coisa.

Estes são os pontos de partida do objectivismo. Aos cínicos que pedem provas sobre a existência e a consciência Rand responde que a própria pergunta só é possível quando nos interrogamos (consciência) sobre algo (existência) e portanto a resposta está contida na pergunta.
Apesar de todos os filósofos procurarem radicar as suas visões do mundo em premissas inquestionáveis, penso que é possível ir mais longe, em termos metafísicos. A afirmação do primado da existência e da consciência já está contida em Descartes, no seu irredutível – Cogito Ergo Sum.

A grande pergunta que fica por responder no objectivismo é: Porquê o mundo? Porque não nada? No meu ponto de vista é possível conceptualizarmos D, enquanto origem e criação, sem afectarmos todo o edifício racionalista do objectivismo. D por ser exterior ao nosso universo, por definição, não pode intervir nele.

Um elemento importante do objectivismo é a rejeição total do idealismo e do materialismo. O mundo não é espiritual ou transcendental, nem é apenas material. O mundo que conhecemos é objectivo, é a consciência da realidade. Neste sentido penso que o objectivismo é uma filosofia fenomenológica.

* Pintura de Jeff Neugebauer

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